A cruz
Era o instrumento vil de suplício infamante,
Condenava-se à cruz o assassino, o ladrão.
Mas ia ter Jesus o atro martírio, diante
Do crime de pregar do Templo a destruição.
Ele próprio a transporta ao Calvário distante
E à medida que vai, pelos calhaus do chão
Arrastando-a, a sangrar, — o madeiro aviltante
Faz-se leve, transluz, num eterno clarão.
E quando nele, enfim, abre os braços Jesus,
O corpo do Homem-Deus toma a forma da cruz
Desde a cabeça aos pés, e duma à outra mão.
Desse instante e, a seguir, pelo tempo infinito
O instrumento de morte, oprobrioso e maldito,
Com Jesus se confunde; e é Vida e é Redenção.
Bastos Tigre
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