Poemas romanticos

Se andava no jardim

Se andava no jardim,
Que cheiro de jasmím!
Tão branca do luar!

Eis tenho-a junto a mim.
Vencida, é minha, emfim,
Após tanto a sonhar...

Porque entristeço assim?...
Não era ella, mas sim
(O que eu quiz abraçar),

A hora do jardim...
O aroma de jasmim...
A onda do luar...


Camilo Pessanha


Química

Sublimemos, amor. Assim as flores 
No jardim não morreram se o perfume 
No cristal da essência se defende. 
Passemos nós as provas, os ardores: 
Não caldeiam instintos sem o lume 
Nem o secreto aroma que rescende. 

José Saramago



Doce amada flor

Minha doce amada doce
Bela linda a mais bela
Quem me dera inteira fosse
Toda minha esta donzela

Bela doce como o mel
Linda bela como o céu
Irradiante linda flor
Que de mim tem todo amor

Mesmo não me correspondendo
Te amo como manda o amor
Sem medida, com desprendimento
Te amo assim amada flor

Giano Guimarães

Flores

Quando começa a raiar
O dia cheio de amor,
Eu gosto de contemplar
O coração de uma flor,

Desmaiada e tremulante,
Pendendo triste no galho,
Tendo o pistilo brilhante
Embalsamado de orvalho:

A rosa só me parece,
Assim tão casta e sem véu,
Um anjo rezando a prece
Um’alma voando ao Céu.

Do jasmim puro e mimoso,
A corola embranquecida,
É como um seio formoso
De criança adormecida.

Esqueço-me, então, das horas
A contemplar estas flores,
As violetas, auroras,
Saudades, lindos amores.

Auta de Souza


O amor

O amor que de mim emana
É mais forte do que tudo,
Ele torna minha vida insana
E me faz ficar mudo

Fico louco e perdido
Sem você não sou ninguém
Sou apenas um mendigo
Numa vida de desdem

Carlo dos Santos



Pedido

Ama-me sempre, como à flor do lírio 
Bravo e sózinho, a quem a gente quer 
Mesmo já seco na recordação. 
Ama-me sempre, cheia da certeza 
De que, lírio que sou da natureza, 
Na minha altura eu brotarei do chão.
Miguel Torga


Dize-me, amor, como te sou querida

Dize-me, amor, como te sou querida, 
Conta-me a glória do teu sonho eleito, 
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito, 
Arranca-me dos pântanos da vida. 

Embriagada numa estranha lida, 
Trago nas mãos o coração desfeito, 
Mostra-me a luz, ensina-me o preceito 
Que me salve e levante redimida! 

Nesta negra cisterna em que me afundo, 
Sem quimeras, sem crenças, sem turnura, 
Agonia sem fé dum moribundo, 

Grito o teu nome numa sede estranha, 
Como se fosse, amor, toda a frescura 
Das cristalinas águas da montanha! 

Florbela Espanca


Ilusão Perdida

Florida ilusão que em mim deixaste 
a lentidão duma inquietude 
vibrando em meu sentir tu juntaste 
todos os sonhos da minha juventude. 


Depois dum amargor tu afastaste-te, 
e a princípio não percebi. Tu partiras 
tal como chegaste uma tarde 
para alentar meu coração mergulhado 



na profundidade dum desencanto. 
Depois perfumaste-te com meu pranto, 
fiz-te doçura do meu coração, 



agora tens aridez de nó, 
um novo desencanto, árvore nua 
que amanhã se tornará germinação. 



Pablo Neruda
Amor a Amor Nos Convida

Com dura e branda cadeia, 

Com facho activo e suave, 
De seus mistérios co'a chave, 
Amor entre nós volteia: 
Já deprime, já gloreia, 
Já dá morte, já dá vida; 
E nesta incessante lida, 
Que em si traz, que em si contém, 
Com o mal, e com o bem, 
Amor a amor nos convida. 

Bocage

A Rosa

Tu, flor de Vénus, 
Corada Rosa, 
Leda, fragrante, 
Pura, mimosa, 


Tu, que envergonhas 
As outras flores, 
Tens menos graça 
Que os meus amores. 



Tanto ao diurno 
Sol coruscante 
Cede a nocturna 
Lua inconstante, 



Quanto a Marília 
Té na pureza 
Tu, que és o mimo 
Da Natureza. 



O buliçoso, 
Cândido Amor 
Pôs-lhe nas faces 
Mais viva cor; 



Tu tens agudos 
Cruéis espinhos, 
Ela suaves 
Brandos carinhos; 



Tu não percebes 
Ternos desejos, 
Em vão Favónio 
Te dá mil beijos. 



Marília bela 
Sente, respira, 
Meus doces versos 
Ouve, e suspira. 



A mãe das flores, 
A Primavera, 
Fica vaidosa 
Quando te gera; 



Porém Marília 
No mago riso 
Traz as delícias 
Do Paraíso. 



Amor que diga 
Qual é mais bela, 
Qual é mais pura, 
Se tu, ou ela; 



Que diga Vénus... 
Ela aí vem... 
Ai! Enganei-me, 
Que é o meu bem. 



Bocage


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