Há milênios talvez, ó grande sol fecundo,
Aqui me abandonaste, esquecido das eras.
Por que tardas assim? Por quê? Por quem esperas?
Que força te detém do outro lado do mundo?
Enquanto, sobre o teu plaustro de ouro, errabundo,
A antípoda feliz, cheia de azuis quimeras,
Percorres com amor, e espalhas primaveras,
Na longa noite atroz cada vez mais me afundo.
Em vão mergulho o olhar nas sombras do levante.
Não regressas jamais do hemisfério distante,
E eu sucumbo de frio e angústia aqui no inverno.
Sinto que cambaleio, e ando como que às cegas
O dia, a vida, a luz, ó sol, porque me negas?
Por que foges de mim, ó grande sol eterno?
Félix Pacheco
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