É a cadeia de ideias acessórias que me liga à botânica. Ela traz e lembra à minha imaginação todas as ideias que mais a deleitam. Os campos, as águas, os bosques, a solidão, sobretudo a paz e o repouso que encontramos em meio a tudo isso, são incessantemente revividos por ela em minha memória. Ela me faz esquecer as perseguições dos homens, seu ódio, seu desprezo, seus ultrajes e todos os males com que recompensaram minha terna e sincera afeição por eles. Ela me transporta para habitações tranquilas em meio a pessoas simples e boas, como aquelas com as quais vivi outrora. Ela me lembra não só de minha juventude, como também de meus inocentes prazeres, me faz vivê-los mais uma vez e me deixa feliz ainda muitas vezes em meio à mais triste sina jamais vivida por um mortal.
(Trecho retirado do livro Os devaneios do caminhante solitário / Jean-Jacques Rousseau. Porto Alegre: L&PM, 2017. p. 102)
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