Não me importo com aquilo que as pessoas possam pensar de mim, por
eu me vestir de modo simples, por não gostar de andar alinhado,
produzido, cheio de penduricalhos, por não usar aquele smartphone de
ultima geração, o top da moda, aquele da maçã. Essas futilidades,
necessidades inúteis, invenções do mercado para nos prender a
atenção, quando aquilo que talvez devesse mais importar em nossas
vidas, seria conhecermos a nós mesmos e o mundo a nossa volta. Todo
esse modo de desviver focado no valor das coisas, arruína cada dia
mais a vida em sociedade.
O valor das coisas que antes nos eram mais caras, como a amizade
firme, o companheirismo, as convicções, a gentileza e a
solidariedade, está sendo transferido para coisas supérfluas demais
para que possam durar. Não são duráveis para uma vida inteira
aquelas coisas que tem como principal elemento constituidor o
dinheiro. O dinheiro é bom, pode nos trazer muitas coisas,
comodidade, conforto, prazer, satisfação, luxo, viagens, mas ele
nunca vai te dar amores e amizades verdadeiras o suficiente para
continuarem contigo quando um dia a pobreza te visitar ou a desgraça
sobre ti vier.
O sucesso financeiro a muito tempo tem sido o objetivo de vida da
maioria das pessoas, pois no mundo de hoje o dinheiro está
profundamente associado a “felicidade”. Ser reconhecido pela
situação econômica pomposa é mais considerável que ser
reconhecido por seu caráter, por seu conhecimento, inteligência,
sapiência, cultura. Bem sucedido nessa cultura é sempre aquele que
tem muito dinheiro.
A bem sucedida faxineira, que também é uma excelente manicure e
que ganha um salário mínimo e educa três filhos que pegam ônibus
para ir a escola e faculdade, para essa sociedade, na verdade, é mal
sucedida, pois ela é pobre e faxineira. Seu trabalho é
marginalizado como são marginalizadas as atividades mais dignas e
importantes da sociedade, que se um dia parassem, causariam
transtornos incomparáveis. O bem sucedido gari, a empregada
doméstica, o guarda, o porteiro, a cabeleireira, o frentista, o
garçom, o balconista, o motorista, o professor e muitos outros,
todos esses profissionais são desvalorizados e colocados no nível
mais baixo da escala de importância nesta
sociedade, que ainda não aprendeu a dar valor ao trabalhador,
independente de qual seja a sua atividade.
O bem sucedido professor, por exemplo, não é respeitado por essa
sociedade, e tem sido a nova caricatura do fracasso profissional que
a mídia sem esforço algum proclama aos quatro ventos, contribuindo
ainda mais para desmoralizar a imagem dos professores, ao invés de
dar mais espaços para eles. É nessa cultura que mais e mais pessoas
fogem da alternativa de se tornarem professores. Em outros países e
culturas, ser professor é uma honra e ainda por cima te dá
prestígio.
O dinheiro assumiu o lugar mais alto na ordem de prioridades da vida
de muitas pessoas, antes de qualquer coisa, em primeiro lugar o mais
importante é buscar tudo aquilo que te traga muito dinheiro. Não
busque a profissão dos teus ideais, busque aquela que te dá
dinheiro, assim muitos são aconselhados. "Busque o dinheiro em
primeiro lugar e as outras coisas te serão acrescentadas", esse é o
novo versículo de muitos cristãos por aí.
Não amemos o dinheiro mais do que a nós mesmos, nem mais que a
vida humana. Não amemos o dinheiro mais do que honestidade, mais do
que a bondade, mais do que a amizade, mais do que a sabedoria, mais
do que o conhecimento, deixe o dinheiro para ser a última coisa a
ser amada. O dinheiro está comprando, não somente as cosias que
você deseja, ele está comprando pessoas (políticos) que deveriam
estar fazendo um outro papel no centro do poder deste país. O
dinheiro está comprando a fé de muitas pessoas que esqueceram ou
não leram que Deus se opõem ao amor do dinheiro. O dinheiro está
comprando as nossas mentes com a sedução pelo compulsivo consumo.
Estamos sendo usados e vencidos pela ideologia do dinheiro, que de
forma violenta tem nos tomado a liberdade.
Não acredite quando te falarem que o dinheiro é a coisa mais
importante deste mundo. Certamente essa pessoa já foi enganada pela
astúcia poderosa da ideologia do dinheiro. Continue acreditando que
você e as pessoas são a coisas mais importantes deste mundo.
Tomás de Utopia
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