O amanhecer das criaturas - Lêdo Ivo

O amanhecer das criaturas

O dia forma-se
de quase nada:
um seio nu
por entre pálpebras,

o sol que raia
e a luz acesa
no arranha-céu
que a aurora lava.

A mão incerta
deixa na rósea
carne dormida
o gesto equívoco.

Tudo é lilá
na luminosa e vã
partilha.

No dia imenso
nascem tesouros:
curvos, redondos.

O pão à porta,
depois o leite,
e o erguer dos corpos.

Lêdo Ivo


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poema ao acaso