Minha terra não tem os cristaes
Dessas fontes do só Portugal,
Minha terra não tem salgueiraes,
Só tem ondas de branco areal.
Em seus campos não brota o jasmim,
Não matisa de flôres seus prados,
Não tem rosas de fino carmim,
Só tem montes de barro escarpados.
Não tem meigo trinar — mavioso
Do fagueiro, gentil rouxinol,
Tem o canto suave, saudoso
Da Benguella no seu arrebol,
Primavera não tem tão brilhante
Como a Europa nos sóe infiltrar,
Não tem brisa lasciva, incessante,
Só tem raios de sol a queimar.
(...)
Tambem invejo o Brazil
Sobre as aguas a brilhar,
Sobre as aguas a brilhar,
Nesses campos mil a mil,
Nesses montes d’alem mar.
Invejo a formozura
Desses prados de verdura,
Inspirando com doçura
O Poeta a descantar.
Nada tem minha terra natal
Qu’extasie e revele primôr,
Nada tem, a não ser dos desertos
A soidão que é tão grata ao cantor.
E tu Poeta bem fadado,
Que na gentil Guanabára,
Á tua pátria tão cara
Tantos cantos tens cantado
Tambem recebe o meu canto
De amargôr e de pranto
Sem bellezas, sem encanto,
Por minh’alma a ti votado!
Nesses montes d’alem mar.
Invejo a formozura
Desses prados de verdura,
Inspirando com doçura
O Poeta a descantar.
Nada tem minha terra natal
Qu’extasie e revele primôr,
Nada tem, a não ser dos desertos
A soidão que é tão grata ao cantor.
E tu Poeta bem fadado,
Que na gentil Guanabára,
Á tua pátria tão cara
Tantos cantos tens cantado
Tambem recebe o meu canto
De amargôr e de pranto
Sem bellezas, sem encanto,
Por minh’alma a ti votado!
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