Flor Carnívora - Augusto de Lima

FLOR CARNÍVORA

A Lucindo Filho.

Há uma flor de lindo aspecto
e colorido brilhante,
cujo perfume fragrante
atrai ao cálix o inseto.

As asas fechando e abrindo,
este o mel nectáreo bebe,
no entanto a flor o recebe,
as pétalas contraindo.

Contrai-se e se abotoa,
e tanto os nervos constringe
que a corola o suor tinge
da seiva fecunda e boa.

E na rescendente cela
o aventureiro encerrado,
depois de a flor ter sugado,
ei-lo sugado por ela.

Tal a sorte da alma louca,
que atraída pelo gozo,
o doce filtro amoroso
vai beber em tua boca.

Pois és a imagem exata
da bela flor assassina,
que melifica e fascina,
perfuma, seduz e mata.

Augusto de Lima



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poema ao acaso