Salmos completo - (Todos os salmos na integra para ler e imprimir) 53-102

Capítulo 53 
 1 Diz o tolo em seu coração: “Deus não existe!” Corromperam-se e cometeram injustiças detestáveis; não há ninguém que faça o bem.
 2 Deus olha lá dos céus para os filhos dos homens, para ver se há alguém que tenha entendimento, alguém que busque a Deus.
 3 Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer.
 4 Será que os malfeitores não aprendem? Eles devoram o meu povo como quem come pão, e não clamam a Deus!
 5 Olhem! Estão tomados de pavor, quando não existe motivo algum para temer! Pois foi Deus quem espalhou os ossos dos que atacaram você; você os humilhou porque Deus os rejeitou.
 6 Ah, se de Sião viesse a salvação para Israel! Quando Deus restaurar[89] o seu povo, Jacó exultará! Israel se regozijará! 
[89] Ou trouxer de volta os cativos do seu

Capítulo 54 
 1 Salva-me, ó Deus, pelo teu nome; defende-me pelo teu poder.
 2 Ouve a minha oração, ó Deus; escuta as minhas palavras.
 3 Estrangeiros[90] me atacam; homens cruéis querem matar-me, homens que não se importam com Deus. Pausa 
[90] Alguns manuscritos do Texto Massorético dizem Arrogantes.
 4 Certamente Deus é o meu auxílio; é o Senhor que me sustém.
 5 Recaia o mal sobre os meus inimigos! Extermina-os por tua fidelidade!
 6 Eu te oferecerei um sacrifício voluntário; louvarei o teu nome, ó Senhor, porque tu és bom.
 7 Pois ele me livrou de todas as minhas angústias, e os meus olhos contemplaram a derrota dos meus inimigos.

Capítulo 55 
 1 Escuta a minha oração, ó Deus, não ignores a minha súplica;
 2 ouve-me e responde-me! Os meus pensamentos me perturbam, e estou atordoado
 3 diante do barulho do inimigo, diante da gritaria[91] dos ímpios; pois eles aumentam o meu sofrimento e, irados, mostram seu rancor. 
[91] Ou opressão
 4 O meu coração está acelerado; os pavores da morte me assaltam.
 5 Temor e tremor me dominam; o medo tomou conta de mim.
 6 Então eu disse: Quem dera eu tivesse asas como a pomba; voaria até encontrar repouso!
 7 Sim, eu fugiria para bem longe, e no deserto eu teria o meu abrigo. Pausa
 8 Eu me apressaria em achar refúgio longe do vendaval e da tempestade.
 9 Destrói os ímpios, Senhor, confunde a língua deles, pois vejo violência e brigas na cidade.
 10 Dia e noite eles rondam por seus muros; nela permeiam o crime e a maldade.
 11 A destruição impera na cidade; a opressão e a fraude jamais deixam suas ruas.
 12 Se um inimigo me insultasse, eu poderia suportar; se um adversário se levantasse contra mim, eu poderia defender-me;
 13 mas logo você, meu colega, meu companheiro, meu amigo chegado,
 14 você, com quem eu partilhava agradável comunhão enquanto íamos com a multidão festiva para a casa de Deus!
 15 Que a morte apanhe os meus inimigos de surpresa! Desçam eles vivos para a sepultura[92], pois entre eles o mal acha guarida. 
[92] Hebraico: Sheol. Essa palavra também pode ser traduzida por profundezas, pó ou morte.
 16 Eu, porém, clamo a Deus, e o Senhor me salvará.
 17 À tarde, pela manhã e ao meio-dia choro angustiado, e ele ouve a minha voz.
18 Ele me guarda ileso na batalha, sendo muitos os que estão contra mim.
 19 Deus, que reina desde a eternidade, me ouvirá e os castigará. Pausa Pois jamais mudam sua conduta e não têm temor de Deus.
 20 Aquele homem se voltou contra os seus aliados, violando o seu acordo.
 21 Macia como manteiga é a sua fala, mas a guerra está no seu coração; suas palavras são mais suaves que o óleo, mas são afiadas como punhais.
 22 Entregue suas preocupações ao Senhor, e ele o susterá; jamais permitirá que o justo venha a cair.
 23 Mas tu, ó Deus, farás descer à cova da destruição aqueles assassinos e traidores, os quais não viverão a metade dos seus dias. Quanto a mim, porém, confio em ti.

Capítulo 56 
 1 Tem misericórdia de mim, ó Deus, pois os homens me pressionam; o tempo todo me atacam e me oprimem.
 2 Os meus inimigos pressionam-me sem parar; muitos atacam-me arrogantemente.
 3 Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti.
 4 Em Deus, cuja palavra eu louvo, em Deus eu confio, e não temerei. Que poderá fazer-me o simples mortal?
 5 O tempo todo eles distorcem as minhas palavras; estão sempre tramando prejudicar-me.
 6 Conspiram, ficam à espreita, vigiam os meus passos, na esperança de tirar-me a vida.
 7 Deixarás escapar essa gente tão perversa? [93]Na tua ira, ó Deus, derruba as nações. 
[93] Ou Rejeita-os por causa de sua maldade;
 8 Registra, tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas lágrimas em teu odre; acaso não estão anotadas em teu livro?
 9 Os meus inimigos retrocederão, quando eu clamar por socorro. Com isso saberei que Deus está a meu favor.
 10 Confio em Deus, cuja palavra louvo, no Senhor, cuja palavra louvo,
 11 em Deus eu confio, e não temerei. Que poderá fazer-me o homem?
 12 Cumprirei os votos que te fiz, ó Deus; a ti apresentarei minhas ofertas de gratidão.
 13 Pois me livraste da morte e os meus pés de tropeçarem, para que eu ande diante de Deus na luz que ilumina os vivos.

Capítulo 57 
 1 Misericórdia, ó Deus; misericórdia, pois em ti a minha alma se refugia. Eu me refugiarei à sombra das tuas asas, até que passe o perigo.
 2 Clamo ao Deus Altíssimo, a Deus, que para comigo cumpre o seu propósito.
 3 Dos céus ele me envia a salvação, põe em fuga os que me perseguem de perto; Pausa Deus envia o seu amor e a sua fidelidade.
 4 Estou em meio a leões, ávidos para devorar; seus dentes são lanças e flechas, suas línguas são espadas afiadas.
 5 Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus! Sobre toda a terra esteja a tua glória!
 6 Preparam armadilhas para os meus pés; fiquei muito abatido. Abriram uma cova no meu caminho, mas foram eles que nela caíram. Pausa
 7 Meu coração está firme, ó Deus, meu coração está firme; cantarei ao som de instrumentos!
 8 Acorde, minha alma! Acordem, harpa e lira! Vou despertar a alvorada!
 9 Eu te louvarei, ó Senhor, entre as nações; cantarei teus louvores entre os povos.
 10 Pois o teu amor é tão grande que alcança os céus; a tua fidelidade vai até as nuvens.
 11 Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus! Sobre toda a terra esteja a tua glória!
Capítulo 58 
 1 Será que vocês, poderosos[94], falam de fato com justiça? Será que vocês, homens, julgam retamente? 
[94] Ou deuses
 2 Não! No coração vocês tramam a injustiça, e na terra as suas mãos espalham a violência.
 3 Os ímpios erram o caminho desde o ventre; desviam-se os mentirosos desde que nascem.
 4 Seu veneno é como veneno de serpente; tapam os ouvidos, como a cobra que se faz de surda
 5 para não ouvir a música dos encantadores, que fazem encantamentos com tanta habilidade.
 6 Quebra os dentes deles, ó Deus; arranca, Senhor, as presas desses leões!
 7 Desapareçam como a água que escorre! Quando empunharem o arco, caiam sem força as suas flechas! [95]
[95] Ou murchem como a erva que é pisada!
 8 Sejam como a lesma que se derrete pelo caminho; como feto abortado, não vejam eles o sol!
 9 Os ímpios serão varridos antes que as suas panelas sintam o calor da lenha[96], esteja ela verde ou seca. 
[96] Hebraico: dos espinhos.
 10 Os justos se alegrarão quando forem vingados, quando banharem seus pés no sangue dos ímpios.
 11 Então os homens comentarão: “De fato os justos têm a sua recompensa; com certeza há um Deus que faz justiça na terra”.

Capítulo 59 
 1 Livra-me dos meus inimigos, ó Deus; põe-me fora do alcance dos meus agressores.
 2 Livra-me dos que praticam o male salva-me dos assassinos.
 3 Vê como ficam à minha espreita! Homens cruéis conspiram contra mim, sem que eu tenha cometido qualquer delito ou pecado, ó Senhor.
 4 Mesmo eu não tendo culpa de nada, eles se preparam às pressas para atacar-me. Levanta-te para ajudar-me; olha para a situação em que me encontro!
 5 Ó Senhor, Deus dos Exércitos, ó Deus de Israel! Desperta para castigar todas as nações; não tenhas misericórdia dos traidores perversos. Pausa
 6 Eles voltam ao cair da tarde, rosnando como cães e rondando a cidade.
 7 Vê que ameaças saem de suas bocas; seus lábios são como espadas, e dizem: “Quem nos ouvirá?”
 8 Mas tu, Senhor, vais rir deles; caçoarás de todas aquelas nações.
 9 Ó tu, minha força, por ti vou aguardar; tu, ó Deus, és o meu alto refúgio.
 10 O meu Deus fiel virá ao meu encontroe permitirá que eu triunfe sobre os meus inimigos.
 11 Mas não os mates, ó Senhor, nosso escudo, se não, o meu povo o esquecerá. Em teu poder faze-os vaguearem, e abate-os.
 12 Pelos pecados de suas bocas, pelas palavras de seus lábios, sejam apanhados em seu orgulho. Pelas maldições e mentiras que pronunciam,
 13 consome-os em tua ira, consome-os até que não mais existam. Então se saberá até os confins da terra que Deus governa Jacó. Pausa
 14 Eles voltam ao cair da tarde, rosnando como cães, e rondando a cidade.
 15 À procura de comida perambula me, se não ficam satisfeitos, uivam.
 16 Mas eu cantarei louvores à tua força; de manhã louvarei a tua fidelidade, pois tu és o meu alto refúgio, abrigo seguro nos tempos difíceis.
 17 Ó minha força, canto louvores a ti; tu és, ó Deus, o meu alto refúgio, o Deus que me ama.

Capítulo 60 
 1 Tu nos rejeitaste e nos dispersaste, ó Deus; tu derramaste a tua ira; restaura-nos agora!
 2 Sacudiste a terra e abriste-lhe fendas; repara suas brechas, pois ameaça desmoronar-se.
Capítulo 60
 3 Fizeste passar o teu povo por tempos difíceis; deste-nos um vinho estonteante.
 4 Mas aos que te temem deste um sinal para que fugissem das flechas. Pausa
 5 Salva-nos com a tua mão direita e responde-nos, para que sejam libertos aqueles a quem amas.
 6 Do seu santuário[99] Deus falou: No meu triunfo dividirei Siquéme repartirei o vale de Sucote. 
[99] Ou Na sua santidade
 7 Gileade é minha, Manassés também; Efraim é o meu capacete, Judá é o meu cetro.
 8 Moabe é a pia em que me lavo, em Edom atiro a minha sandália; sobre a Filístia dou meu brado de vitória!
 9 Quem me levará à cidade fortificada? Quem me guiará a Edom?
 10 Não foste tu, ó Deus, que nos rejeitaste e deixaste de sair com os nossos exércitos?
 11 Dá-nos ajuda contra os adversários, pois inútil é o socorro do homem.
 12 Com Deus conquistaremos a vitória, e ele pisoteará os nossos adversários.

Capítulo 61
 1 Ouve o meu clamor, ó Deus; atenta para a minha oração.
 2 Desde os confins da terra eu clamo a ti, com o coração abatido; põe-me a salvo na rocha mais alta do que eu.
 3 Pois tu tens sido o meu refúgio, uma torre forte contra o inimigo.
 4 Para sempre anseio habitar na tua tenda e refugiar-me no abrigo das tuas asas. Pausa
 5 Pois ouviste os meus votos, ó Deus; deste-me a herança que concedes a os que temem o teu nome.
 6 Prolonga os dias do rei, por muitas gerações os seus anos de vida.
 7 Para sempre esteja ele em seu trono, diante de Deus; envia o teu amor e a tua fidelidade para protegê-lo.
 8 Então sempre cantarei louvores ao teu nome, cumprindo os meus votos cada dia.

Capítulo 62
 1 A minha alma descansa somente em Deus; dele vem a minha salvação.
 2 Somente ele é a rocha que me salva; ele é a minha torre segura! Jamais serei abalado!
 3 Até quando todos vocês atacarão um homem que está como um muro inclinado, como uma cerca prestes a cair?
 4 Todo o propósito deles é derrubá-lo de sua posição elevada; eles se deliciam com mentiras. Com a boca abençoam, mas no íntimo amaldiçoam. Pausa
 5 Descanse somente em Deus, ó minha alma; dele vem a minha esperança.
 6 Somente ele é a rocha que me salva; ele é a minha torre alta! Não serei abalado!
 7 A minha salvação e a minha honra de Deus dependem; ele é a minha rocha firme, o meu refúgio.
 8 Confie nele em todos os momentos, ó povo; derrame diante dele o coração, pois ele é o nosso refúgio. Pausa
 9 Os homens de origem humilde não passam de um sopro, os de origem importante não passam de mentira; pesados na balança, juntos não chegam ao peso de um sopro.
 10 Não confiem na extorsão, nem ponham a esperança em bens roubados; se as suas riquezas aumentam, não ponham nelas o coração.
 11 Uma vez Deus falou, duas vezes eu ouvi, que o poder pertence a Deus.
 12 Contigo também, Senhor, está a fidelidade. É certo que retribuirás a cada um conforme o seu procedimento.
Capítulo 63 
 1 Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água.
 2 Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória.
 3 O teu amor é melhor do que a vida! Por isso os meus lábios te exaltarão.
 4 Enquanto eu viver te bendirei, e em teu nome levantarei as minhas mãos.
 5 A minha alma ficará satisfeita como quando tem rico banquete; com lábios jubilosos a minha boca te louvará.
 6 Quando me deito lembro-me de ti; penso em ti durante as vigílias da noite.
 7 Porque és a minha ajuda, canto de alegria à sombra das tuas asas.
 8 A minha alma apega-se a ti; a tua mão direita me sustém.
 9 Aqueles, porém, que querem matar-me serão destruídos; descerão às profundezas da terra.
 10 Serão entregues à espada e devorados por chacais.
 11 Mas o rei se alegrará em Deus; todos os que juram pelo nome de Deus o louvarão, mas as bocas dos mentirosos serão tapadas.

Capítulo 64 
 1 Ouve-me, ó Deus, quando faço a minha queixa; protege a minha vida do inimigo ameaçador.
 2 Defende-me da conspiração dos ímpios e da ruidosa multidão de malfeitores.
 3 Eles afiam a língua como espada e apontam, como flechas, palavras envenenadas.
 4 De onde estão emboscados atiram no homem íntegro; atiram de surpresa, sem qualquer temor.
 5 Animam-se uns aos outros com planos malignos, combinam como ocultar as suas armadilhas, e dizem: “Quem as[100] verá?” 
[100] Ou nos
 6 Tramam a injustiça e dizem: “Fizemos[101] um plano perfeito!” A mente e o coração de cada um deles o encobrem! [102]
[101] Ou Eles ocultam 
[102] Ou Ninguém nos descobrirá!
 7 Mas Deus atirará neles suas flechas; repentinamente serão atingidos.
 8 Pelas próprias palavras farão cair uns aos outros; menearão a cabeça e zombarão deles todos os que os virem.
 9 Todos os homens temerão, e proclamarão as obras de Deus, refletindo no que ele fez.
 10 Alegrem-se os justos no Senhor e nele busquem refúgio; congratulem-se todos os retos de coração!

Capítulo 65 
 1 O louvor te aguarda[103] em Sião, ó Deus; os votos que te fizemos serão cumpridos. 
[103] Ou O louvor é apropriado a ti
 2 Ó tu que ouves a oração, a ti virão todos os homens.
 3 Quando os nossos pecados pesavam sobre nós, tu mesmo fizeste propiciação por nossas transgressões.
 4 Como são felizes aqueles que escolhes e trazes a ti, para viverem nos teus átrios! Transbordamos de bênçãos da tua casa, do teu santo templo!
 5 Tu nos respondes com temíveis feitos de justiça, ó Deus, nosso Salvador, esperança de todos os confins da terra e dos mais distantes mares.
 6 Tu que firmaste os montes pela tua força, pelo teu grande poder.
 7 Tu que acalmas o bramido dos mares, o bramido de suas ondas, e o tumulto das nações.
 8 Tremem os habitantes das terras distantes diante das tuas maravilhas; do nascente ao poente despertas canções de alegria.
 9 Cuidas da terra e a regas; fartamente a enriqueces. Os riachos de Deus transbordam para que nunca falte o trigo, pois assim ordenaste. [104]
[104] Ou pois é assim que preparas a terra.
 10 Encharcas os seus sulcos e aplainas os seus torrões; tu a amoleces com chuvas e abençoas as suas colheitas.
 11 Coroas o ano com a tua bondade, e por onde passas emana fartura;
 12 fartura vertem as pastagens do deserto, e as colinas se vestem de alegria.
 13 Os campos se revestem de rebanhos e os vales se cobrem de trigo; eles exultam e cantam de alegria!

Capítulo 66 
 1 Aclamem a Deus, povos de toda terra!
 2 Cantem louvores ao seu glorioso nome; louvem-no gloriosamente!
 3 Digam a Deus: Quão temíveis são os teus feitos! Tão grande é o teu poder que os teus inimigos rastejam diante de ti!
 4 Toda a terra te adora e canta louvores a ti, canta louvores ao teu nome. Pausa
 5 Venham e vejam o que Deus tem feito; como são impressionantes as suas obras em favor dos homens!
 6 Ele transformou o mar em terra seca, e o povo atravessou as águas[105] a pé; e ali nos alegramos nele. [106]
[105] Ou o rio 
[106] Ou venham, alegremo-nos nele.
 7 Ele governa para sempre com o seu poder, seus olhos vigiam as nações; que os rebeldes não se levantem contra ele! Pausa
 8 Bendigam o nosso Deus, ó povos, façam ressoar o som do seu louvor;
 9 foi ele quem preservou a nossa vida impedindo que os nossos pés escorregassem.
 10 Pois tu, ó Deus, nos submeteste à prova e nos refinaste como a prata.
 11 Fizeste-nos cair numa armadilha e sobre nossas costas puseste fardos.
 12 Deixaste que os inimigos cavalgassem sobre a nossa cabeça; passamos pelo fogo e pela água, mas a um lugar de fartura[107] nos trouxeste. 
[107] Algumas versões antigas dizem de repouso.
 13 Para o teu templo virei com holocaustos[108]e cumprirei os meus votos para contigo, 
[108] Isto é, sacrifícios totalmente queimados; também no versículo 15.
 14 votos que os meus lábios fizeram e a minha boca falou quando eu estava em dificuldade.
 15 Oferecerei a ti animais gordos em holocausto; sacrificarei carneiros, cuja fumaça subirá a ti, e também novilhos e cabritos. Pausa
 16 Venham e ouçam, todos vocês que temem a Deus; vou contar-lhes o que ele fez por mim.
 17 A ele clamei com os lábios; com a língua o exaltei.
 18 Se eu acalentasse o pecado no coração, o Senhor não me ouviria;
 19 mas Deus me ouviu, deu atenção à oração que lhe dirigi.
 20 Louvado seja Deus, que não rejeitou a minha oração nem afastou de mim o seu amor!

Capítulo 67 
 1 Que Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, e faça resplandecer o seu rosto sobre nós[109], Pausa
[109] Isto é, mostre-nos a sua bondade.
 2 para que sejam conhecidos na terra os teus caminhos, a tua salvação entre todas as nações.
 3 Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te todos os povos.
 4 Exultem e cantem de alegria as nações, pois governas os povos com justiça e guias as nações na terra. Pausa
 5 Louvem-te os povos, ó Deus; louvem-te todos os povos.
 6 Que a terra dê a sua colheita, e Deus, o nosso Deus, nos abençoe!
 7 Que Deus nos abençoe, e o temam todos os confins da terra.

Capítulo 68 
 1 Que Deus se levante! Sejam espalhados os seus inimigos, fujam dele os seus adversários.
 2 Que tu os dissipes assim como o vento leva a fumaça; como a cera se derrete na presença do fogo, assim pereçam os ímpios na presença de Deus.
 3 Alegrem-se, porém, os justos! Exultem diante de Deus! Regozijem-se com grande alegria!
 4 Cantem a Deus, louvem o seu nome, exaltem aquele que cavalga sobre as nuvens; [110]seu nome é Senhor! Exultem diante dele! 
[110] Ou preparem o caminho para aquele que cavalga pelos desertos;
 5 Pai para os órfãos e defensor das viúvas é Deus em sua santa habitação.
 6 Deus dá um lar aos solitários, liberta os presos para a prosperidade, mas os rebeldes vivem em terra árida.
 7 Quando saíste à frente do teu povo, ó Deus, quando marchaste pelo ermo, Pausa
 8 a terra tremeu, o céu derramou chuva diante de Deus, o Deus do Sinai, diante de Deus, o Deus de Israel.
 9 Deste chuvas generosas, ó Deus; refrescaste a tua herança exausta.
 10 O teu povo nela se instalou, e da tua bondade, ó Deus, supriste os pobres.
 11 O Senhor anunciou a palavra, e muitos mensageiros a proclamavam:
 12 Reis e exércitos fogem em debandada; a dona-de-casa reparte os despojos. [111]
[111] Ou as belas mulheres do palácio são repartidas como despojo.
 13 Mesmo quando vocês dormem entre as fogueiras do acampamento[112], as asas da minha pombaestão recobertas de prata, as suas penas, de ouro reluzente. 
[112] Ou os alforjes
 14 Quando o Todo-poderoso espalhou os reis, foi como neve no monte Zalmom.
 15 Os montes de Basã são majestosos; escarpados são os montes de Basã.
 16 Por que, ó montes escarpados, estão com inveja do monte que Deuses colheu para sua habitação, onde o próprio Senhor habitará para sempre?
 17 Os carros de Deus são incontáveis, são milhares de milhares; neles o Senhor veio do Sinai para o seu Lugar Santo.
 18 Quando subiste em triunfo às alturas, ó Senhor Deus, levaste cativos muitos prisioneiros; recebeste homens como dádivas, até mesmo rebeldes, para estabeleceres morada. [113] 
[113] Ou dádivas dentre os homens, até dos que se rebelaram contra a tua habitação.
 19 Bendito seja o Senhor, Deus, nosso Salvador, que cada dia suporta as nossas cargas. Pausa
 20 O nosso Deus é um Deus que salva; ele é o Soberano, ele é o Senhor que nos livra da morte.
 21 Certamente Deus esmagará a cabeça dos seus inimigos, o crânio cabeludodos que persistem em seus pecados.
 22 “Eu os trarei de Basã”, diz o Senhor, “eu os trarei das profundezas do mar,
 23 para que você encharque os pés no sangue dos inimigos, sangue do qual a língua dos cães terá a sua porção.
 24 Já se vê a tua marcha triunfal, ó Deus, a marcha do meu Deus e Rei adentrando o santuário.
 25 À frente estão os cantores, depois os músicos; com eles vão as jovens tocando tamborins.
 26 Bendigam a Deus na grande congregação! Bendigam o Senhor, descendentes[114] de Israel! 
[114] Hebraico: fonte.
 27 Ali está a pequena tribo de Benjamim, a conduzi-los, os príncipes de Judá acompanhados de suas tropas, e os príncipes de Zebulom e Naftali.
 28 A favor de vocês, manifeste Deus o seu poder! [115]Mostra, ó Deus, o poder que já tens operado para conosco. 
[115] Conforme alguns manuscritos do Texto Massorético. Muitos manuscritos do Texto Massorético e algumas versões antigas dizem Manifesta, ó Deus, o teu poder!
 29 Por causa do teu templo em Jerusalém, reis te trarão presentes.
 30 Repreende a fera entre os juncos, a manada de touros entre os bezerros das nações. Humilhados, tragam barras de prata. Espalha as nações que têm prazer na guerra.
 31 Ricos tecidos[116] venham do Egito; a Etiópia corra para Deus de mãos cheias. 
[116] Ou embaixadores
 32 Cantem a Deus, reinos da terra, louvem o Senhor, Pausa
 33 aquele que cavalga os céus, os antigos céus. Escutem! Ele troveja com voz poderosa.
 34 Proclamem o poder de Deus! Sua majestade está sobre Israel, seu poder está nas altas nuvens.
 35 Tu és temível no teu santuário, ó Deus; é o Deus de Israel que dá poder e força ao seu povo. Bendito seja Deus!

Capítulo 69 
 1 Salva-me, ó Deus! , pois as águas subiram até o meu pescoço.
 2 Nas profundezas lamacentas eu me afundo; não tenho onde firmar os pés. Entrei em águas profundas; as correntezas me arrastam.
 3 Cansei-me de pedir socorro; minha garganta se abrasa. Meus olhos fraquejamde tanto esperar pelo meu Deus.
 4 Os que sem razão me odeiam são mais do que os fios de cabelo da minha cabeça; muitos são os que me prejudicam sem motivo, muitos, os que procuram destruir-me. Sou forçado a devolver o que não roubei.
 5 Tu bem sabes como fui insensato, ó Deus; a minha culpa não te é encoberta.
 6 Não se decepcionem por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, Senhor dos Exércitos! Não se frustrem por minha causa os que te buscam, ó Deus de Israel!
 7 Pois por amor a ti suporto zombaria, e a vergonha cobre-me o rosto.
 8 Sou um estrangeiro para os meus irmãos, um estranho até para os filhos da minha mãe;
 9 pois o zelo pela tua casa me consome, e os insultos daqueles que te insultam caem sobre mim.
 10 Até quando choro e jejuo, tenho que suportar zombaria;
 11 quando ponho vestes de lamento, sou objeto de chacota.
 12 Os que se ajuntam na praça falam de mim, e sou a canção dos bêbados.
 13 Mas eu, Senhor, no tempo oportuno, elevo a ti minha oração; responde-me, por teu grande amor, ó Deus, com a tua salvação infalível!
 14 Tira-me do atoleiro, não me deixes afundar; liberta-me dos que me odeiame das águas profundas.
 15 Não permitas que as correntezas me arrastem, nem que as profundezas me engulam, nem que a cova feche sobre mim a sua boca!
 16 Responde-me, Senhor, pela bondade do teu amor; por tua grande misericórdia, volta-te para mim.
 17 Não escondas do teu servo a tua face; responde-me depressa, pois estou em perigo.
 18 Aproxima-te e resgata-me; livra-me por causa dos meus inimigos.
 19 Tu bem sabes como sofro zombaria, humilhação e vergonha; conheces todos os meus adversários.
 20 A zombaria partiu-me o coração; estou em desespero! Supliquei por socorro, nada recebi; por consoladores, e a ninguém encontrei.
 21 Puseram fel na minha comida e para matar-me a sede deram-me vinagre.
 22 Que a mesa deles se lhes transforme em laço; torne-se retribuição e[117] armadilha. 
[117] Ou Que até as suas ofertas de comunhão se tornem em armadilha; ou ainda Que até os seus aliados se tornem uma armadilha
 23 Escureçam-se os seus olhos para que não consigam ver; faze-lhes tremer o corpo sem parar.
 24 Despeja sobre eles a tua ira; que o teu furor ardente os alcance.
 25 Fique deserto o lugar deles; não haja ninguém que habite nas suas tendas.
 26 Pois perseguem aqueles que tu feres e comentam a dor daqueles a quem castigas.
 27 Acrescenta-lhes pecado sobre pecado; não os deixes alcançar a tua justiça.
 28 Sejam eles tirados do livro da vida e não sejam incluídos no rol dos justos.
 29 Grande é a minha aflição e a minha dor! Proteja-me, ó Deus, a tua salvação!
 30 Louvarei o nome de Deus com cânticos e proclamarei sua grandeza com ações de graças;
 31 isso agradará o Senhor mais do que bois, mais do que touros com seus chifres e cascos.
 32 Os necessitados o verão e se alegrarão; a vocês que buscam a Deus, vida ao seu coração!
 33 O Senhor ouve o pobre e não despreza o seu povo aprisionado.
 34 Louvem-no os céus e a terra, os mares e tudo o que neles se move,
 35 pois Deus salvará Sião e reconstruirá as cidades de Judá. Então o povo ali viverá e tomará posse da terra;
 36 a descendência dos seus servos a herdará, e nela habitarão os que amam o seu nome.

Capítulo 70 
 1 Livra-me, ó Deus! Apressa-te, Senhor, a ajudar-me!
 2 Sejam humilhados e frustrados os que procuram tirar-me a vida; retrocedam desprezados os que desejam a minha ruína.
 3 Retrocedam em desgraça os que zombam de mim.
 4 Mas regozijem-se e alegrem-se em ti todos os que te buscam; digam sempre os que amam a tua salvação: “Como Deus é grande!”
 5 Quanto a mim, sou pobre e necessitado; apressa-te, ó Deus. Tu és o meu socorro e o meu libertador; Senhor, não te demores!

Capítulo 71 
 1 Em ti, Senhor, busquei refúgio; nunca permitas que eu seja humilhado.
 2 Resgata-me e livra-me por tua justiça; inclina o teu ouvido para mim e salva-me.
 3 Peço-te que sejas a minha rocha de refúgio, para onde eu sempre possa ir; dá ordem para que me libertem, pois és a minha rocha e a minha fortaleza.
 4 Livra-me, ó meu Deus, das mãos dos ímpios, das garras dos perversos e cruéis.
 5 Pois tu és a minha esperança, ó Soberano Senhor, em ti está a minha confiança desde a juventude.
 6 Desde o ventre materno dependo de ti; tu me sustentaste[118]desde as entranhas de minha mãe. Eu sempre te louvarei! 
[118] Ou separaste
 7 Tornei-me um exemplo para muitos, porque tu és o meu refúgio seguro.
 8 Do teu louvor transborda a minha boca, que o tempo todo proclama o teu esplendor.
 9 Não me rejeites na minha velhice; não me abandones quando se vão as minhas forças.
 10 Pois os meus inimigos me caluniam; os que estão à espreita juntam-se e planejam matar-me.
 11 “Deus o abandonou”, dizem eles; “persigam-no e prendam-no, pois ninguém o livrará.”
 12 Não fiques longe de mim, ó Deus; ó meu Deus, apressa-te em ajudar-me.
 13 Pereçam humilhados os meus acusadores; sejam cobertos de zombaria e vergonha os que querem prejudicar-me.
14 Mas eu sempre terei esperança e te louvarei cada vez mais.
 15 A minha boca falará sem cessar da tua justiça e dos teus incontáveis atos de salvação.
 16 Falarei dos teus feitos poderosos, ó Soberano Senhor; proclamarei a tua justiça, unicamente a tua justiça.
 17 Desde a minha juventude, ó Deus, tens me ensinado, e até hoje eu anuncio as tuas maravilhas.
 18 Agora que estou velho, de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, para que eu possa falar da tua força aos nossos filhos, e do teu poder às futuras gerações.
 19 Tua justiça chega até as alturas, ó Deus, tu, que tens feito coisas grandiosas. Quem se compara a ti, ó Deus?
 20 Tu, que me fizeste passar muitas e duras tribulações, restaurarás a minha vida, e das profundezas da terra de novo me farás subir.
 21 Tu me farás mais honra doe mais uma vez me consolarás.
 22 E eu te louvarei com a lira por tua fidelidade, ó meu Deus; cantarei louvores a ti com a harpa, ó Santo de Israel.
 23 Os meus lábios gritarão de alegria quando eu cantar louvores a ti, pois tu me redimiste.
 24 Também a minha língua sempre falará dos teus atos de justiça, pois os que queriam prejudicar-me foram humilhados e ficaram frustrados.

Capítulo 72 
 1 Reveste da tua justiça o rei, ó Deus, e o filho do rei, da tua retidão,
 2 para que ele julgue com retidão e com justiça os teus que sofrem opressão.
 3 Que os montes tragam prosperidade ao povo, e as colinas, o fruto da justiça.
 4 Defenda ele os oprimidos entre o povoe liberte os filhos dos pobres; esmague ele o opressor!
 5 Que ele perdure[119] como o sole como a lua, por todas as gerações. 
[119] Conforme a Septuaginta. O Texto Massorético diz Que tu sejas temido.
 6 Seja ele como chuva sobre uma lavoura ceifada, como aguaceiros que regam a terra.
 7 Floresçam os justos nos dias do rei, e haja grande prosperidade enquanto durar a lua.
 8 Governe ele de mar a mare desde o rio Eufrates até os confins da terra[120]. 
[120] Ou do país
 9 Inclinem-se diante dele as tribos do deserto[121], e os seus inimigos lambam o pó. 
[121] Ou criaturas do deserto; ou ainda adversários
 10 Que os reis de Társis e das regiões litorâneas lhe tragam tributo; os reis de Sabá e de Sebá lhe ofereçam presentes.
 11 Inclinem-se diante dele todos os reis, e sirvam-no todas as nações.
 12 Pois ele liberta os pobres que pedem socorro, os oprimidos que não têm quem os ajude.
 13 Ele se compadece dos fracos e dos pobres, e os salva da morte.
 14 Ele os resgata da opressão e da violência, pois aos seus olhos a vida[122] deles é preciosa. 
[122] Hebraico: sangue.
 15 Tenha o rei vida longa! Receba ele o ouro de Sabá. Que se ore por ele continuamente, e todo o dia se invoquem bênçãos sobre ele.
 16 Haja fartura de trigo por toda a terra, ondulando no alto dos montes. Floresçam os seus frutos como os do Líbano e cresçam as cidades como as plantas no campo.
 17 Permaneça para sempre o seu nome e dure a sua fama enquanto o sol brilhar. Sejam abençoadas todas as nações por meio dele, e que elas o chamem bendito.
 18 Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, o único que realiza feitos maravilhosos.
 19 Bendito seja o seu glorioso nome para sempre; encha-se toda a terra da sua glória. Amém e amém.
 20 Encerram-se aqui as orações de Davi, filho de Jessé. TERCEIRO LIVRO

Capítulo 73 
 1 Certamente Deus é bom para Israel, para os puros de coração.
 2 Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram; por pouco não escorreguei.
 3 Pois tive inveja dos arrogantes quando vi a prosperidade desses ímpios.
 4 Eles não passam por sofrimento[123]e têm o corpo saudável e forte. 
[123] Ou sofrimento até morrer; ou ainda sofrimento; até morrer o corpo deles é
 5 Estão livres dos fardos de todos; não são atingidos por doenças como os outros homens.
 6 Por isso o orgulho lhes serve de colar, e eles se vestem de violência.
 7 Do seu íntimo[124] brota a maldade[125]; da sua mente transbordam maquinações. 
[124] Hebraico: gordura. 
[125] Conforme a Versão Siríaca. O Texto Massorético diz Seus olhos saltam-lhes da gordura.
 8 Eles zombam e falam com más intenções; em sua arrogância ameaçam com opressão.
 9 Com a boca arrogam a si os céus, e com a língua se apossam da terra.
 10 Por isso o seu povo se volta para eles e bebe suas palavras até saciar-se.
 11 Eles dizem: “Como saberá Deus? Terá conhecimento o Altíssimo?”
 12 Assim são os ímpios; sempre despreocupados, aumentam suas riquezas.
 13 Certamente foi-me inútil manter puro o coração e lavar as mãos na inocência,
 14 pois o dia inteiro sou afligido, e todas as manhãs sou castigado.
 15 Se eu tivesse dito: Falarei como eles, teria traído os teus filhos.
 16 Quando tentei entender tudo isso, achei muito difícil para mim,
 17 até que entrei no santuário de Deus, e então compreendi o destino dos ímpios.
 18 Certamente os pões em terreno escorregadio e os fazes cair na ruína.
 19 Como são destruídos de repente, completamente tomados de pavor!
 20 São como um sonho que se vai quando acordamos; quando te levantares, Senhor, tu os farás desaparecer.
 21 Quando o meu coração estava amargurado e no íntimo eu sentia inveja,
 22 agi como insensato e ignorante; minha atitude para contigo era a de um animal irracional.
 23 Contudo, sempre estou contigo; tomas a minha mão direita e me susténs.
 24 Tu me diriges com o teu conselho, e depois me receberás com honras.
 25 A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti.
 26 O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre.
 27 Os que te abandonam sem dúvida perecerão; tu destróis todos os infiéis.
 28 Mas, para mim, bom é estar perto de Deus; fiz do Soberano Senhor o meu refúgio; proclamarei todos os teus feitos.

Capítulo 74 
 1 Por que nos rejeitaste definitivamente, ó Deus? Por que se acende a tua ira contra as ovelhas da tua pastagem?
 2 Lembra-te do povo que adquiriste em tempos passados, da tribo da tua herança, que resgataste, do monte Sião, onde habitaste.
 3 Volta os teus passos para aquelas ruínas irreparáveis, para toda a destruição que o inimigo causou em teu santuário.
 4 Teus adversários gritaram triunfantes bem no local onde te encontravas conosco, e hastearam suas bandeiras em sinal de vitória.
 5 Pareciam homens armados com machados invadindo um bosque cerrado.
 6 Com seus machados e machadinhas esmigalharam todos os revestimentos de madeira esculpida.
 7 Atearam fogo ao teu santuário; profanaram o lugar da habitação do teu nome.
 8 Disseram no coração: “Vamos acabar com eles!” Queimaram todos os santuários do país.
 9 Já não vemos sinais milagrosos; não há mais profetas, e nenhum de nós sabe até quando isso continuará.
 10 Até quando o adversário irá zombar, ó Deus? Será que o inimigo blasfemará o teu nome para sempre?
 11 Por que reténs a tua mão, a tua mão direita? Não fiques de braços cruzados! Destrói-os!
 12 Mas tu, ó Deus, és o meu rei desde a antigüidade; trazes salvação sobre a terra.
 13 Tu dividiste o mar pelo teu poder; quebraste as cabeças das serpentes das águas.
 14 Esmagaste as cabeças do Leviatã[126]e o deste por comida às criaturas do deserto. 
[126] Ou monstro marinho
 15 Tu abriste fontes e regatos; secaste rios perenes.
 16 O dia é teu, e tua também é a noite; estabeleceste o sol e a lua.
 17 Determinaste todas as fronteiras da terra; fizeste o verão e o inverno.
 18 Lembra-te de como o inimigo tem zombado de ti, ó Senhor, como os insensatos têm blasfemado o teu nome.
 19 Não entregues a vida da tua pomba aos animais selvagens; não te esqueças para sempre da vida do teu povo indefeso.
 20 Dá atenção à tua aliança, porque de antros de violência se enchemos lugares sombrios do país.
 21 Não deixes que o oprimido se retire humilhado! Faze que o pobre e o necessitado louvem o teu nome.
 22 Levanta-te, ó Deus, e defende a tua causa; lembra-te de como os insensatos zombam de ti sem cessar.
 23 Não ignores a gritaria dos teus adversários, o crescente tumulto dos teus inimigos.

Capítulo 75 
 1 Damos-te graças, ó Deus, damos-te graças, pois perto está o teu nome; todos falam dos teus feitos maravilhosos.
 2 Tu dizes: Eu determino o tempo em que julgarei com justiça.
 3 Quando treme a terra com todos os seus habitantes, sou eu que mantenho firmes as suas colunas. Pausa
 4 Aos arrogantes digo: Parem de vangloriar-se! E aos ímpios: Não se rebelem! [127]
[127] Hebraico: Não levantem o chifre; também no versículo 5.
 5 Não se rebelem contra os céus; não falem com insolência.
 6 Não é do oriente nem do ocidente nem do deserto que vem a exaltação.
 7 É Deus quem julga: Humilha a um, a outro exalta.
 8 Na mão do Senhor está um cálice cheio de vinho espumante e misturado; ele o derrama, e todos os ímpios da terra o bebem até a última gota.
 9 Quanto a mim, para sempre anunciarei essas coisas; cantarei louvores ao Deus de Jacó.
 10 Destruirei o poder[128] de todos os ímpios, mas o poder dos justos aumentará. 
[128] Hebraico: chifre. Duas vezes neste versículo.

Capítulo 76 
 1 Em Judá Deus é conhecido; o seu nome é grande em Israel.
 2 Sua tenda está em Salém; o lugar da sua habitação está em Sião.
 3 Ali quebrou ele as flechas reluzentes, os escudos e as espadas, as armas de guerra. Pausa
 4 Resplendes de luz! És mais majestoso que os montes cheios de despojos.
 5 Os homens valorosos jazem saqueados, dormem o sono final; nenhum dos guerreiros foi capaz de erguer as mãos.
 6 Diante da tua repreensão, ó Deus de Jacó, o cavalo e o carro estacaram.
 7 Somente tu és temível. Quem poderá permanecer diante de ti quando estiveres irado?
 8 Dos céus pronunciaste juízo, e a terra tremeu e emudeceu,
 9 quando tu, ó Deus, te levantaste para julgar, para salvar todos os oprimidos da terra. Pausa
 10 Até a tua ira contra os homens redundará em teu louvor, e os sobreviventes da tua ira se refrearão. [129]
[129] Ou Até a ira dos homens redundará em teu louvor, e com o restante da ira tu te armas.
 11 Façam votos ao Senhor, ao seu Deus, e não deixem de cumpri-los; que todas as nações vizinhas tragam presentes a quem todos devem temer.
 12 Ele tira o ânimo dos governantes e é temido pelos reis da terra.

Capítulo 77 
 1 Clamo a Deus por socorro; clamo a Deus que me escute.
 2 Quando estou angustiado, busco o Senhor; de noite estendo as mãos sem cessar; a minha alma está inconsolável!
 3 Lembro-me de ti, ó Deus, e suspiro; começo a meditar, e o meu espírito desfalece. Pausa
 4 Não me permites fechar os olhos; tão inquieto estou que não consigo falar.
 5 Fico a pensar nos dias que se foram, nos anos há muito passados;
 6 de noite recordo minhas canções. O meu coração medita, e o meu espírito pergunta:
 7 Irá o Senhor rejeitar-nos para sempre? Jamais tornará a mostrar-nos o seu favor?
 8 Desapareceu para sempre o seu amor? Acabou-se a sua promessa?
 9 Esqueceu-se Deus de ser misericordioso? Em sua ira refreou sua compaixão? Pausa
 10 Então pensei: A razão da minha dor é que a mão direita do Altíssimo não age mais. [130]
[130] Ou Apelarei para o que há muito fez a mão direita do Altíssimo.
 11 Recordarei os feitos do Senhor; recordarei os teus antigos milagres.
 12 Meditarei em todas as tuas obras e considerarei todos os teus feitos.
 13 Teus caminhos, ó Deus, são santos. Que deus é tão grande como o nosso Deus?
 14 Tu és o Deus que realiza milagres; mostras o teu poder entre os povos.
 15 Com o teu braço forte resgataste o teu povo, os descendentes de Jacó e de José. Pausa
 16 As águas te viram, ó Deus, as águas te viram e se contorceram; até os abismos estremeceram.
 17 As nuvens despejaram chuvas, ressoou nos céus o trovão; as tuas flechas reluziam em todas as direções.
 18 No redemoinho, estrondou o teu trovão, os teus relâmpagos iluminaram o mundo; a terra tremeu e sacudiu-se.
 19 A tua vereda passou pelo mar, o teu caminho pelas águas poderosas, e ninguém viu as tuas pegadas.
 20 Guiaste o teu povo como a um rebanho pela mão de Moisés e de Arão.

Capítulo 78 
 1 Povo meu, escute o meu ensino; incline os ouvidos para o que eu tenho a dizer.
 2 Em parábolas abrirei a minha boca, proferirei enigmas do passado;
 3 o que ouvimos e aprendemos, o que nossos pais nos contaram.
 4 Não os esconderemos dos nossos filhos; contaremos à próxima geração os louváveis feitos do Senhor, o seu poder e as maravilhas que fez.
 5 Ele decretou estatutos para Jacó, e em Israel estabeleceu a lei, e ordenou aos nossos antepassados que a ensinassem aos seus filhos,
 6 de modo que a geração seguinte a conhecesse, e também os filhos que ainda nasceriam, e eles, por sua vez, contassem aos seus próprios filhos.
 7 Então eles porão a confiança em Deus; não esquecerão os seus feitos e obedecerão aos seus mandamentos.
 8 Eles não serão como os seus antepassados, obstinados e rebeldes, povo de coração desleal para com Deus, gente de espírito infiel.
 9 Os homens de Efraim, flecheiros armados, viraram as costas no dia da batalha;
 10 não guardaram a aliança de Deus e se recusaram a viver de acordo com a sua lei.
 11 Esqueceram o que ele tinha feito, as maravilhas que lhes havia mostrado.
 12 Ele fez milagres diante dos seus antepassados, na terra do Egito, na região de Zoã.
 13 Dividiu o mar para que pudessem passar; fez a água erguer-se como um muro.
 14 Ele os guiou com a nuvem de dia e com a luz do fogo de noite.
 15 Fendeu as rochas no deserto e deu-lhes tanta água como a que flui das profundezas;
 16 da pedra fez sair regatos e fluir água como um rio.
 17 Mas contra ele continuaram a pecar, revoltando-se no deserto contra o Altíssimo.
 18 Deliberadamente puseram Deus à prova, exigindo o que desejavam comer.
 19 Duvidaram de Deus, dizendo: Poderá Deus preparar uma mesa no deserto?
 20 Sabemos que quando ele feriu a rocha a água brotou e jorrou em torrentes. Mas conseguirá também dar-nos de comer? Poderá suprir de carne o seu povo?
 21 O Senhor os ouviu e enfureceu-se; com fogo atacou Jacó, e sua ira levantou-se contra Israel,
 22 pois eles não creram em Deus nem confiaram no seu poder salvador.
 23 Contudo, ele deu ordens às nuvens e abriu as portas dos céus;
 24 fez chover maná para que o povo comesse, deu-lhe o pão[131] dos céus. 
[131] Hebraico: trigo.
 25 Os homens comeram o pão dos anjos; enviou-lhes comida à vontade.
 26 Enviou dos céus o vento oriental e pelo seu poder fez avançar o vento sul.
 27 Fez chover carne sobre eles como pó, bandos de aves como a areia da praia.
 28 Levou-as a cair dentro do acampamento, ao redor das suas tendas.
 29 Comeram à vontade, e assim ele satisfez o desejo deles.
 30 Mas, antes de saciarem o apetite, quando ainda tinham a comida na boca,
 31 acendeu-se contra eles a ira de Deus; e ele feriu de morte os mais fortes dentre eles, matando os jovens de Israel.
 32 A despeito disso tudo, continuaram pecando; não creram nos seus prodígios.
 33 Por isso ele encerrou os dias deles como um sopro e os anos deles em repentino pavor.
 34 Sempre que Deus os castigava com a morte, eles o buscavam; com fervor se voltavam de novo para ele.
 35 Lembravam-se de que Deus era a sua Rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor.
 36 Com a boca o adulavam, com a língua o enganavam;
 37 o coração deles não era sincero; não foram fiéis à sua aliança.
 38 Contudo, ele foi misericordioso; perdoou-lhes as maldade se não os destruiu. Vez após vez conteve a sua ira, sem despertá-la totalmente.
 39 Lembrou-se de que eram meros mortais, brisa passageira que não retorna.
 40 Quantas vezes mostraram-se rebeldes contra ele no deserto e o entristeceram na terra solitária!
 41 Repetidas vezes puseram Deus à prova; irritaram o Santo de Israel.
 42 Não se lembravam da sua mão poderosa, do dia em que os redimiu do opressor,
 43 do dia em que mostrou os seus prodígios no Egito, as suas maravilhas na região de Zoã,
 44 quando transformou os rios e os riachos dos egípcios em sangue, e eles não mais conseguiam beber das suas águas,
 45 e enviou enxames de moscas que os devoraram, e rãs que os devastaram;
 46 quando entregou as suas plantações às larvas, a produção da terra aos gafanhotos,
 47 e destruiu as suas vinhas com a saraiva e as suas figueiras bravas, com a geada;
 48 quando entregou o gado deles ao granizo, os seus rebanhos aos raios;
 49 quando os atingiu com a sua ira ardente, com furor, indignação e hostilidade, com muitos anjos destruidores.
 50 Abriu caminho para a sua ira; não os poupou da morte, mas os entregou à peste.
 51 Matou todos os primogênitos do Egito, as primícias do vigor varonildas tendas de Cam.
 52 Mas tirou o seu povo como ovelhas e o conduziu como a um rebanho pelo deserto.
 53 Ele os guiou em segurança, e não tiveram medo; e os seus inimigos afundaram-se no mar.
 54 Assim os trouxe à fronteirada sua terra santa, aos montes que a sua mão direita conquistou.
 55 Expulsou nações que lá estavam, distribuiu-lhes as terras por herança e deu suas tendas às tribos de Israel para que nelas habitassem.
 56 Mas eles puseram Deus à prova e foram rebeldes contra o Altíssimo; não obedeceram aos seus testemunhos.
 57 Foram desleais e infiéis, como os seus antepassados, confiáveis como um arco defeituoso.
 58 Eles o irritaram com os altares idólatras; com os seus ídolos lhe provocaram ciúmes.
 59 Sabendo-o Deus, enfureceu-se e rejeitou totalmente Israel;
 60 abandonou o tabernáculo de Siló, a tenda onde habitava entre os homens.
 61 Entregou o símbolo do seu poder ao cativeiro, e o seu esplendor, nas mãos do adversário.
 62 Deixou que o seu povo fosse morto à espada, pois enfureceu-se com a sua herança.
 63 O fogo consumiu os seus jovens, e as suas moças não tiveram canções de núpcias;
 64 os sacerdotes foram mortos à espada! As viúvas já nem podiam chorar!
 65 Então o Senhor despertou como que de um sono, como um guerreiro despertado do domínio do vinho.
 66 Fez retroceder a golpes os seus adversários e os entregou a permanente humilhação.
 67 Também rejeitou as tendas de José, e não escolheu a tribo de Efraim;
 68 ao contrário, escolheu a tribo de Judá e o monte Sião, o qual amou.
 69 Construiu o seu santuário como as alturas; como a terra o firmou para sempre.
 70 Escolheu o seu servo Davi e o tirou do aprisco das ovelhas,
 71 do pastoreio de ovelhas, para ser o pastor de Jacó, seu povo, de Israel, sua herança.
 72 E de coração íntegro Davi os pastoreou; com mãos experientes os conduziu.

Capítulo 79 
 1 Ó Deus, as nações invadiram a tua herança, profanaram o teu santo templo, reduziram Jerusalém a ruínas.
 2 Deram os cadáveres dos teus servos às aves do céu por alimento, a carne dos teus fiéis, aos animais selvagens.
 3 Derramaram o sangue deles como água ao redor de Jerusalém, e não há ninguém para sepultá-los.
 4 Somos objeto de zombaria para os nossos vizinhos, de riso e menosprezo para os que vivem ao nosso redor.
 5 Até quando, Senhor? Ficarás irado para sempre? Arderá o teu ciúme como o fogo?
 6 Derrama a tua ira sobre as nações que não te reconhecem, sobre os reinos que não invocam o teu nome,
 7 pois devoraram Jacó, deixando em ruínas a sua terra.
 8 Não cobres de nós as maldades dos nossos antepassados; venha depressa ao nosso encontroa tua misericórdia, pois estamos totalmente desanimados!
 9 Ajuda-nos, ó Deus, nosso Salvador, para a glória do teu nome; livra-nos e perdoa os nossos pecados, por amor do teu nome.
 10 Por que as nações haverão de dizer: “Onde está o Deus deles?” Diante dos nossos olhos, mostra às nações a tua vingança pelo sangue dos teus servos.
 11 Cheguem à tua presença os gemidos dos prisioneiros. Pela força do teu braço preserva os condenados à morte.
 12 Retribui sete vezes mais aos nossos vizinhos as afrontas com que te insultaram, Senhor!
 13 Então nós, o teu povo, as ovelhas das tuas pastagens, para sempre te louvaremos; de geração em geração cantaremos os teus louvores.

Capítulo 80 
 1 Escuta-nos, Pastor de Israel, tu, que conduzes José como um rebanho; tu, que tens o teu trono sobre os querubins, manifesta o teu esplendor
 2 diante de Efraim, Benjamim e Manassés. Desperta o teu poder, e vem salvar-nos!
 3 Restaura-nos, ó Deus! Faze resplandecer sobre nós o teu rosto, [132]para que sejamos salvos. 
[132] Isto é, mostra-nos a tua bondade; também nos versículos 7 e 19.
 4 Ó Senhor, Deus dos Exércitos, até quando arderá a tua ira contra as orações do teu povo?
 5 Tu o alimentaste com pão de lágrimas e o fizeste beber copos de lágrimas.
 6 Fizeste de nós um motivo de disputas entre as nações vizinhas, e os nossos inimigos caçoam de nós.
 7 Restaura-nos, ó Deus dos Exércitos; faze resplandecer sobre nós o teu rosto, para que sejamos salvos.
 8 Do Egito trouxeste uma videira; expulsaste as nações e a plantaste.
 9 Limpaste o terreno, ela lançou raízes e encheu a terra.
 10 Os montes foram cobertos pela sua sombra, e os mais altos cedros, pelos seus ramos.
 11 Seus ramos se estenderam até o Mar[133], e os seus brotos, até o Rio[134]. 
[133] Isto é, o Mediterrâneo. 
[134] Isto é, o Eufrates.
 12 Por que derrubaste as suas cercas, permitindo que todos os que passam apanhem as suas uvas?
 13 Javalis da floresta a devastam e as criaturas do campo dela se alimentam.
 14 Volta-te para nós, ó Deus dos Exércitos! Dos altos céus olha e vê! Toma conta desta videira,
 15 da raiz que a tua mão direita plantou, do filho[135] que para ti fizeste crescer! 
[135] Ou ramo
 16 Tua videira foi derrubada; como lixo foi consumida pelo fogo. Pela tua repreensão perece o teu povo! [136]
[136] Ou Pela tua repreensão faze perecer os que a derrubaram e a queimaram como lixo!
 17 Repouse a tua mão sobre aquele que puseste à tua mão direita, o filho do homem que para ti fizeste crescer.
 18 Então não nos desviaremos de ti; vivifica-nos, e invocaremos o teu nome.
 19 Restaura-nos, ó Senhor, Deus dos Exércitos; faze resplandecer sobre nós o teu rosto, para que sejamos salvos.

Capítulo 81
 1 Cantem de alegria a Deus, nossa força; aclamem o Deus de Jacó!
 2 Comecem o louvor, façam ressoar o tamborim, toquem a lira e a harpa melodiosa.
 3 Toquem a trombeta na lua nova e no dia de lua cheia, dia da nossa festa;
 4 porque este é um decreto para Israel, uma ordenança do Deus de Jacó,
 5 que ele estabeleceu como estatuto para José, quando atacou o Egito. Ali ouvimos uma língua[137] que não conhecíamos. 
[137] Ou voz
 6 Ele diz: Tirei o peso dos seus ombros; suas mãos ficaram livres dos cestos de cargas.
 7 Na sua aflição vocês clamaram e eu os livrei, do esconderijo dos trovões lhes respondi; eu os pus à prova nas águas de Meribá[138]. Pausa 
[138] Meribá significa rebelião.
 8 Ouça, meu povo, as minhas advertências; se tão-somente você me escutasse, ó Israel!
 9 Não tenha deus estrangeiro no seu meio; não se incline perante nenhum deus estranho.
 10 Eu sou o Senhor, o seu Deus, que o tirei da terra do Egito. Abra a sua boca, e eu o alimentarei.
 11 Mas o meu povo não quis ouvir-me; Israel não quis obedecer-me.
 12 Por isso os entreguei ao seu coração obstinado, para seguirem os seus próprios planos.
 13 Se o meu povo apenas me ouvisse, se Israel seguisse os meus caminhos,
 14 com rapidez eu subjugaria os seus inimigos e voltaria a minha mão contra os seus adversários!
 15 Os que odeiam o Senhor se renderiam diante dele, e receberiam um castigo perpétuo.
 16 Mas eu sustentaria Israel com o melhor trigo, e com o mel da rocha eu o satisfaria.

Capítulo 82
 1 É Deus quem preside à assembléia divina; no meio dos deuses, ele é o juiz. [139] 
[139] Ou É Deus quem preside na suprema assembléia; no meio dos poderosos, ele é o juiz; ou ainda no meio dos juízes, ele é o juiz.
 2 Até quando vocês vão absolver os culpados e favorecer os ímpios? Pausa
 3 " Garantam justiça para os fracos e para os órfãos; mantenham os direitos dos necessitados e dos oprimidos.
 4 Livrem os fracos e os pobres; libertem-nos das mãos dos ímpios.
 5 " Eles nada sabem, nada entendem. Vagueiam pelas trevas; todos os fundamentos da terra estão abalados.
 6 " Eu disse: Vocês são deuses, todos vocês são filhos do Altíssimo.
 7 Mas vocês morrerão como simples homens; cairão como qualquer outro governante.
 8 Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois todas as nações te pertencem.

Capítulo 83
 1 Ó Deus, não te emudeças; não fiques em silêncio nem te detenhas, ó Deus.
 2 Vê como se agitam os teus inimigos, como os teus adversários te desafiam de cabeça erguida.
 3 Com astúcia conspiram contra o teu povo; tramam contra aqueles que são o teu tesouro.
 4 Eles dizem: “Venham, vamos destruí-los como nação, para que o nome de Israel não seja mais lembrado!”
 5 Com um só propósito tramam juntos; é contra ti que fazem acordo
 6 as tendas de Edom e os ismaelitas, Moabe e os hagarenos,
 7 Gebal[140], Amom e Amaleque, a Filístia, com os habitantes de Tiro. 
[140] Isto é, Biblos.
 8 Até a Assíria aliou-se a eles, e trouxe força aos descendentes de Ló. Pausa
 9 Trata-os como trataste Midiã, como trataste Sísera e Jabim no rio Quisom,
 10 os quais morreram em En-Dore se tornaram esterco para a terra.
 11 Faze com os seus nobres o que fizeste com Orebe e Zeebe, e com todos os seus príncipes o que fizeste com Zeba e Zalmuna,
 12 que disseram: “Vamos apossar-nos das pastagens de Deus”.
 13 Faze-os como folhas secas levadas no redemoinho, ó meu Deus, como palha ao vento.
 14 Assim como o fogo consome a floresta e as chamas incendeiam os montes,
 15 persegue-os com o teu venda vale aterroriza-os com a tua tempestade.
 16 Cobre-lhes de vergonha o rosto até que busquem o teu nome, Senhor.
 17 Sejam eles humilhados e aterrorizadospara sempre; pereçam em completa desgraça.
 18 Saibam eles que tu, cujo nome é Senhor, somente tu, és o Altíssimo sobre toda a terra.
Capítulo 84
 1 Como é agradável o lugar da tua habitação, Senhor dos Exércitos!
 2 A minha alma anela, e até desfalece, pelos átrios do Senhor; o meu coração e o meu corpo cantam de alegria ao Deus vivo.
 3 Até o pardal achou um lar, e a andorinha um ninho para si, para abrigar os seus filhotes, um lugar perto do teu altar, ó Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus.
 4 Como são felizes os que habitam em tua casa; louvam-te sem cessar! Pausa
 5 Como são felizes os que em ti encontram sua força, e os que são peregrinos de coração!
 6 Ao passarem pelo vale de Baca[141], fazem dele um lugar de fontes; as chuvas de outono também o enchem de cisternas[142].
[141] Ou de lágrimas; ou ainda seco 
[142] Ou bênçãos
 7 Prosseguem o caminho de força em força, até que cada um se apresente a Deus em Sião.
 8 Ouve a minha oração, ó Senhor Deus dos Exércitos; escuta-me, ó Deus de Jacó. Pausa
 9 Olha, ó Deus, que és nosso escudo[143]; trata com bondade o teu ungido. 
[143] Ou soberano
 10 Melhor é um dia nos teus átrios do que mil noutro lugar; prefiro ficar à porta da casa do meu Deusa habitar nas tendas dos ímpios.
 11 O Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor concede favor e honra; não recusa nenhum bem aos que vivem com integridade.
 12 Ó Senhor dos Exércitos, como é feliz aquele que em ti confia!

Capítulo 85
 1 Foste favorável à tua terra, ó Senhor; trouxeste restauração[144] a Jacó. 
[144] Ou os cativos de volta
 2 Perdoaste a culpa do teu povoe cobriste todos os seus pecados. Pausa
 3 Retiraste todo o teu furor e te afastaste da tua ira tremenda.
 4 Restaura-nos mais uma vez, ó Deus, nosso Salvador, e desfaze o teu furor para conosco.
 5 Ficarás indignado conosco para sempre? Prolongarás a tua ira por todas as gerações?
 6 Acaso não nos renovarás a vida, a fim de que o teu povo se alegre em ti?
 7 Mostra-nos o teu amor, ó Senhor, e concede-nos a tua salvação!
 8 Eu ouvirei o que Deus, o Senhor, disse; ele promete paz ao seu povo, aos seus fiéis! Não voltem eles à insensatez!
 9 Perto está a salvação que ele trará aos que o temem, e a sua glória habitará em nossa terra.
 10 O amor e a fidelidade se encontrarão; a justiça e a paz se beijarão.
 11 A fidelidade brotará da terra, e a justiça descerá dos céus.
 12 O Senhor nos trará bênçãos, e a nossa terra dará a sua colheita.
 13 A justiça irá adiante dele e preparará o caminho para os seus passos.

Capítulo 86
 1 Inclina os teus ouvidos, ó Senhor, e responde-me, pois sou pobre e necessitado.
 2 Guarda a minha vida, pois sou fiel a ti. Tu és o meu Deus; salva o teu servo que em ti confia!
 3 Misericórdia, Senhor, pois clamo a ti sem cessar.
 4 Alegra o coração do teu servo, pois a ti, Senhor, elevo a minha alma.
 5 Tu és bondoso e perdoador, Senhor, rico em graça para com todos os que te invocam.
Escuta a minha oração, Senhor; atenta para a minha súplica!
 7 No dia da minha angústia clamarei a ti, pois tu me responderás.
 8 Nenhum dos deuses é comparável a ti, Senhor, nenhum deles pode fazer o que tu fazes.
 9 Todas as nações que tu formaste virão e te adorarão, Senhor, e glorificarão o teu nome.
 10 Pois tu és grande e realizas feitos maravilhosos; só tu és Deus!
 11 Ensina-me o teu caminho, Senhor, para que eu ande na tua verdade; dá-me um coração inteiramente fiel, para que eu tema o teu nome.
 12 De todo o meu coração te louvarei, Senhor, meu Deus; glorificarei o teu nome para sempre.
 13 Pois grande é o teu amor para comigo; tu me livraste das profundezas do Sheol[145]. 
[145] Essa palavra pode ser traduzida por sepultura, profundezas, pó ou morte.
 14 Os arrogantes estão me atacando, ó Deus; um bando de homens cruéis, gente que não faz caso de ti procura tirar-me a vida.
 15 Mas tu, Senhor, és Deus compassivo e misericordioso, muito paciente, rico em amor e em fidelidade.
 16 Volta-te para mim! Tem misericórdia de mim! Concede a tua força a teu servo e salva o filho da tua serva[146]. 
[146] Ou salva o teu filho fiel
 17 Dá-me um sinal da tua bondade, para que os meus inimigos veja me sejam humilhados, pois tu, Senhor, me ajudaste e me consolaste.

Capítulo 87 
 1 O Senhor edificou sua cidade sobre o monte santo;
 2 ele ama as portas de Sião mais do que qualquer outro lugar[147] de Jacó. 
[147] Ou santuário
 3 Coisas gloriosas são ditas de ti, ó cidade de Deus! Pausa
 4 “Entre os que me reconhecem incluirei Raabe[148] e Babilônia, além da Filístia, de Tiro, e também da Etiópia[149], como se tivessem nascido em Sião[150].” 
[148] Isto é, o Egito. 
[149] Hebraico: Cuxe. 
[150] Hebraico: este nasceu ali.
 5 De fato, acerca de Sião se dirá: “Todos estes nasceram em Sião, e o próprio Altíssimo a estabelecerá”.
 6 O Senhor escreverá no registro dos povos: “Este nasceu ali”. Pausa
 7 Com danças e cânticos, dirão: “Em Sião estão as nossas origens[151]!” 
[151] Ou está a nossa fonte de felicidade

Capítulo 88 
 1 Ó Senhor, Deus que me salva, a ti clamo dia e noite.
 2 Que a minha oração chegue diante de ti; inclina os teus ouvidos ao meu clamor.
 3 Tenho sofrido tanto que a minha vida está à beira da sepultura[153]! 
[153] Hebraico: Sheol. Essa palavra também pode ser traduzida por profundezas, pó ou morte.
 4 Sou contado entre os que descem à cova; sou como um homem que já não tem forças.
 5 Fui colocado junto aos mortos, sou como os cadáveres que jazem no túmulo, dos quais já não te lembras, pois foram tirados de tua mão.
 6 Puseste-me na cova mais profunda, na escuridão das profundezas.
 7 Tua ira pesa sobre mim; com todas as tuas ondas me afligiste. Pausa
 8 Afastaste de mim os meus melhores amigos e me tornaste repugnante para eles. Estou como um preso que não pode fugir;
 9 minhas vistas já estão fracas de tristeza. A ti, Senhor, clamo cada dia; a ti ergo as minhas mãos.
 10 Acaso mostras as tuas maravilhas aos mortos? Acaso os mortos se levantam e te louvam? Pausa
 11 Será que o teu amor é anunciado no túmulo, e a tua fidelidade, no Abismo da Morte[154]? 
[154] Hebraico: Abadom.
12 Acaso são conhecidas as tuas maravilhas na região das trevas, e os teus feitos de justiça, na terra do esquecimento?
 13 Mas eu, Senhor, a ti clamo por socorro; já de manhã a minha oração chega à tua presença.
 14 Por que, Senhor, me rejeitas e escondes de mim o teu rosto?
 15 Desde moço tenho sofrido e ando perto da morte; os teus terrores levaram-me ao desespero.
 16 Sobre mim se abateu a tua ira; os pavores que me causas me destruíram.
 17 Cercam-me o dia todo como uma inundação; envolvem-me por completo.
 18 Tiraste de mim os meus amigos e os meus companheiros; as trevas são a minha única companhia.

Capítulo 89 
 1 Cantarei para sempre o amor do Senhor; com minha boca anunciarei a tua fidelidade por todas as gerações.
 2 Sei que firme está o teu amor para sempre, e que firmaste nos céus a tua fidelidade.
 3 Tu disseste: Fiz aliança com o meu escolhido, jurei ao meu servo Davi:
 4 Estabelecerei a tua linhagem para sempre e firmarei o teu trono por todas as gerações. Pausa
 5 Os céus louvam as tuas maravilhas, Senhor, e a tua fidelidade na assembléia dos santos.
 6 Pois, quem nos céus poderá comparar-se ao Senhor? Quem dentre os seres celestiais[155]assemelha-se ao Senhor? 
[155] Ou deuses; ou ainda poderosos
 7 Na assembléia dos santos Deus é temível, mais do que todos os que o rodeiam.
 8 Ó Senhor, Deus dos Exércitos, quem é semelhante a ti? És poderoso, Senhor, envolto em tua fidelidade.
 9 Tu dominas o revolto mar; quando se agigantam as suas ondas, tu as acalmas.
 10 Esmagaste e mataste o Monstro dos Mares[156]; com teu braço forte dispersaste os teus inimigos. 
[156] Hebraico: Raabe.
 11 Os céus são teus, e tua também é a terra; fundaste o mundo e tudo o que nele existe.
 12 Tu criaste o Norte e o Sul; o Tabor e o Hermom cantam de alegria pelo teu nome.
 13 O teu braço é poderoso; a tua mão é forte, exaltada é tua mão direita.
 14 A retidão e a justiça são os alicerces do teu trono; o amor e a fidelidade vão à tua frente.
 15 Como é feliz o povo que aprendeu a aclamar-te, Senhor, e que anda na luz da tua presença!
 16 Sem cessar exultam no teu nome, e alegram-se na tua retidão,
 17 pois tu és a nossa glória e a nossa força[157], e pelo teu favor exaltas a nossa força[158]. 
[157] Hebraico: a glória do seu poder. 
[158] Hebraico: chifre; também no versículo 24.
 18 Sim, Senhor, tu és o nosso escudo[159], ó Santo de Israel, tu és o nosso rei. 
[159] Ou soberano
 19 Numa visão falaste um dia, e aos teus fiéis disseste: Cobri de forças um guerreiro, exaltei um homem escolhido dentre o povo.
 20 Encontrei o meu servo Davi; ungi-o com o meu óleo sagrado.
 21 A minha mão o susterá, e o meu braço o fará forte.
 22 Nenhum inimigo o sujeitará a tributos; nenhum injusto o oprimirá.
 23 Esmagarei diante dele os seus adversários e destruirei os seus inimigos.
24 A minha fidelidade e o meu amor o acompanharão, e pelo meu nome aumentará o seu poder.
 25 A sua mão dominará até o mar, sua mão direita, até os rios.
 26 Ele me dirá: “Tu és o meu Pai, o meu Deus, a Rocha que me salva”.
 27 Também o nomearei meu primogênito, o mais exaltado dos reis da terra.
 28 Manterei o meu amor por ele para sempre, e a minha aliança com ele jamais se quebrará.
 29 Firmarei a sua linhagem para sempre, e o seu trono durará enquanto existirem céus.
 30 Se os seus filhos abandonarem a minha lei e não seguirem as minhas ordenanças,
 31 se violarem os meus decretos e deixarem de obedecer aos meus mandamentos,
 32 com a vara castigarei o seu pecado, e a sua iniqüidade com açoites;
 33 mas não afastarei dele o meu amor; jamais desistirei da minha fidelidade.
 34 Não violarei a minha aliança nem modificarei as promessas dos meus lábios.
 35 De uma vez para sempre jurei pela minha santidade, e não mentirei a Davi,
 36 que a sua linhagem permanecerá para sempre, e o seu trono durará como o sol;
 37 será estabelecido para sempre como a lua, a fiel testemunha no céu. Pausa
 38 Mas tu o rejeitaste, recusaste-o e te enfureceste com o teu ungido.
 39 Revogaste a aliança com o teu servo e desonraste a sua coroa, lançando-a ao chão.
 40 Derrubaste todos os seus muros e reduziste a ruínas as suas fortalezas.
 41 Todos os que passam o saqueiam; tornou-se objeto de zombaria para os seus vizinhos.
 42 Tu exaltaste a mão direita dos seus adversários e encheste de alegria todos os seus inimigos.
 43 Tiraste o fio da sua espada e não o apoiaste na batalha.
 44 Deste fim ao seu esplendor e atiraste ao chão o seu trono.
 45 Encurtaste os dias da sua juventude; com um manto de vergonha o cobriste. Pausa
 46 Até quando, Senhor? Para sempre te esconderás? Até quando a tua ira queimará como fogo?
 47 Lembra-te de como é passageira a minha vida. Terás criado em vão todos os homens?
 48 Que homem pode viver e não ver a morte, ou livrar-se do poder da sepultura[160]? Pausa
[160] Hebraico: Sheol. Essa palavra também pode ser traduzida por profundezas, pó ou morte.
 49 Ó Senhor, onde está o teu antigo amor, que com fidelidade juraste a Davi?
 50 Lembra-te, Senhor, das afrontas que o teu servo tem[161] sofrido, das zombarias que no íntimo tenho que suportar de todos os povos, 
[161] Ou teus servos têm
 51 das zombarias dos teus inimigos, Senhor, com que afrontam a cada passo o teu ungido.
 52 Bendito seja o Senhor para sempre! Amém e amém. QUARTO LIVRO

Capítulo 90 
 1 Senhor, tu és o nosso refúgio, sempre, de geração em geração.
 2 Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus.
 3 Fazes os homens voltarem ao pó, dizendo: “Retornem ao pó, seres humanos!”
 4 De fato, mil anos para ti são como o dia de ontem que passou, como as horas da noite.
 5 Como uma correnteza, tu arrastas os homens; são breves como o sono; são como a relva que brota ao amanhecer;
 6 germina e brota pela manhã, mas, à tarde, murcha e seca.
 7 Somos consumidos pela tua ira e aterrorizados pelo teu furor.
 8 Conheces as nossas iniqüidades; não escapam os nossos pecados secretos à luz da tua presença.
 9 Todos os nossos dias passam debaixo do teu furor; vão-se como um murmúrio.
 10 Os anos de nossa vida chegam a setenta, ou a oitenta para os que têm mais vigor; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos!
 11 Quem conhece o poder da tua ira? Pois o teu furor é tão grande como o temor que te é devido.
 12 Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria.
 13 Volta-te, Senhor! Até quando será assim? Tem compaixão dos teus servos!
 14 Satisfaze-nos pela manhã com o teu amor leal, e todos os nossos dias cantaremos felizes.
 15 Dá-nos alegria pelo tempo que nos afligiste, pelos anos em que tanto sofremos.
 16 Sejam manifestos os teus feitos aos teus servos, e aos filhos deles o teu esplendor!
 17 Esteja sobre nós a bondade do nosso Deus Soberano. Consolida, para nós, a obra de nossas mãos; consolida a obra de nossas mãos!

Capítulo 91 
 1 Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso
 2 pode dizer ao[162] Senhor: “Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio”. 
[162] Conforme a Septuaginta. O Texto Massorético diz Direi do.
 3 Ele o livrará do laço do caçador e do veneno mortal[163]. 
[163] Ou da praga mortal; ou ainda da ameaça de destruição
 4 Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade dele será o seu escudo protetor.
 5 Você não temerá o pavor da noite, nem a flecha que voa de dia,
 6 nem a peste que se move sorrateira nas trevas, nem a praga que devasta ao meio-dia.
 7 Mil poderão cair ao seu lado, dez mil à sua direita, mas nada o atingirá.
 8 Você simplesmente olhará, e verá o castigo dos ímpios.
 9 Se você fizer do Altíssimo o seu abrigo, do Senhor o seu refúgio,
 10 nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua tenda.
 11 Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos;
 12 com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra.
 13 Você pisará o leão e a cobra; pisoteará o leão forte e a serpente.
 14 Porque ele me ama, eu o resgatarei; eu o protegerei, pois conhece o meu nome.
 15 Ele clamará a mim, e eu lhe darei resposta, e na adversidade estarei com ele; vou livrá-lo e cobri-lo de honra.
 16 Vida longa eu lhe darei, e lhe mostrarei a minha salvação.

Capítulo 92
 1 Como é bom render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo,
 2 anunciar de manhã o teu amor leal e de noite a tua fidelidade,
 3 ao som da lira de dez cordas e da cítara, e da melodia da harpa.
 4 Tu me alegras, Senhor, com os teus feitos; as obras das tuas mãos levam-me a cantar de alegria.
 5 Como são grandes as tuas obras, Senhor, como são profundos os teus propósitos!
 6 O insensato não entende, o tolo não vê
 7 que, embora os ímpios brotem como a erva e floresçam todos os malfeitores, eles serão destruídos para sempre.
 8 Pois tu, Senhor, és exaltado para sempre.
 9 Mas os teus inimigos, Senhor, os teus inimigos perecerão; serão dispersos todos os malfeitores!
 10 Tu aumentaste a minha força[164]como a do boi selvagem; derramaste sobre mim óleo novo. [165]
[164] Hebraico: chifre. 
[165] Ou exaltaste a minha velhice com óleo novo.
 11 Os meus olhos contemplaram a derrotados meus inimigos; os meus ouvidos escutaram a debandada dos meus maldosos agressores.
 12 Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano;
 13 plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus.
 14 Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes,
 15 para proclamar que o Senhor é justo. Ele é a minha Rocha; nele não há injustiça.

Capítulo 93
 1 O Senhor reina! Vestiu-se de majestade; de majestade vestiu-se o Senhor e armou-se de poder! O mundo está firme e não se abalará.
 2 O teu trono está firme desde a antigüidade; tu existes desde a eternidade.
 3 As águas se levantaram, Senhor, as águas levantaram a voz; as águas levantaram seu bramido.
 4 Mais poderoso do que o estrondo das águas impetuosas, mais poderoso do que as ondas do maré o Senhor nas alturas.
 5 Os teus mandamentos permanecem firmes e fiéis; a santidade, SENHOR, é o ornamento perpétuo da tua casa.

Capítulo 94
 1 Ó Senhor, Deus vingador; Deus vingador! Intervém! [166]
[166] Hebraico: Resplandece!
 2 Levanta-te, Juiz da terra; retribui aos orgulhosos o que merecem.
 3 Até quando os ímpios, Senhor, até quando os ímpios exultarão?
 4 Eles despejam palavras arrogantes; todos esses malfeitores enchem-se de vanglória.
 5 Massacram o teu povo, Senhor, e oprimem a tua herança;
 6 matam as viúvas e os estrangeiros, assassinam os órfãos,
 7 e ainda dizem: “O Senhor não nos vê; o Deus de Jacó nada percebe”.
 8 Insensatos, procurem entender! E vocês, tolos, quando se tornarão sábios?
 9 Será que quem fez o ouvido não ouve? Será que quem formou o olho não vê?
 10 Aquele que disciplina as nações os deixará sem castigo? Não tem sabedoria aquele que dá ao homem o conhecimento?
 11 O Senhor conhece os pensamentos do homem, e sabe como são fúteis.
 12 Como é feliz o homem a quem disciplinas, Senhor, aquele a quem ensinas a tua lei;
 13 tranqüilo, enfrentará os dias maus, enquanto que, para os ímpios, uma cova se abrirá.
 14 O Senhor não desamparará o seu povo; jamais abandonará a sua herança.
 15 Voltará a haver justiça nos julgamentos, e todos os retos de coração a seguirão.
 16 Quem se levantará a meu favor contra os ímpios? Quem ficará a meu lado contra os malfeitores?
 17 Não fosse a ajuda do Senhor, eu já estaria habitando no silêncio.
 18 Quando eu disse: Os meus pés escorregaram, o teu amor leal, Senhor, me amparou!
 19 Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma.
 20 Poderá um trono corrupto estar em aliança contigo? , um trono que faz injustiças em nome da lei?
 21 Eles planejam contra a vida dos justos e condenam os inocentes à morte.
 22 Mas o Senhor é a minha torre segura; o meu Deus é a rocha em que encontro refúgio.
 23 Deus fará cair sobre eles os seus crimes, e os destruirá por causa dos seus pecados; o Senhor, o nosso Deus, os destruirá!

Capítulo 95
 1 Venham! Cantemos ao Senhor com alegria! Aclamemos a Rocha da nossa salvação.
 2 Vamos à presença dele com ações de graças; vamos aclamá-lo com cânticos de louvor.
 3 Pois o Senhor é o grande Deus, o grande Rei acima de todos os deuses.
 4 Nas suas mãos estão as profundezas da terra, os cumes dos montes lhe pertencem.
 5 Dele também é o mar, pois ele o fez; as suas mãos formaram a terra seca.
 6 Venham! Adoremos prostrados e ajoelhemos diante do Senhor, o nosso Criador;
 7 pois ele é o nosso Deus, e nós somos o povo do seu pastoreio, o rebanho que ele conduz. Hoje, se vocês ouvirem a sua voz,
 8 não endureçam o coração, como em Meribá[167], como aquele dia em Massá[168], no deserto, 
[167] Meribá significa rebelião. 
[168] Massá significa provação.
 9 onde os seus antepassados me tentaram, pondo-me à prova, apesar de terem visto o que eu fiz.
 10 Durante quarenta anos fiquei irado contra aquela geração e disse: Eles são um povo de coração ingrato; não reconheceram os meus caminhos.
 11 Por isso jurei na minha ira: Jamais entrarão no meu descanso.

Capítulo 96
 1 Cantem ao Senhor um novo cântico; cantem ao Senhor, todos os habitantes da terra!
 2 Cantem ao Senhor, bendigam o seu nome; cada dia proclamem a sua salvação!
 3 Anunciem a sua glória entre as nações, seus feitos maravilhosos entre todos os povos!
 4 Porque o Senhor é grande e digno de todo louvor, mais temível do que todos os deuses!
 5 Todos os deuses das nações não passam de ídolos, mas o Senhor fez os céus.
 6 Majestade e esplendor estão diante dele, poder e dignidade, no seu santuário.
 7 Dêem ao Senhor, ó famílias das nações, dêem ao Senhor glória e força.
 8 Dêem ao Senhor a glória devida ao seu nome, e entrem nos seus átrios trazendo ofertas.
 9 Adorem o Senhor no esplendor da sua santidade; tremam diante dele todos os habitantes da terra.
 10 Digam entre as nações: “O Senhor reina!” Por isso firme está o mundo, e não se abalará, e ele julgará os povos com justiça.
 11 Regozijem-se os céus e exulte a terra! Ressoe o mar e tudo o que nele existe!
 12 Regozijem-se os campos e tudo o que neles há! Cantem de alegria todas as árvores da floresta,
 13 cantem diante do Senhor, porque ele vem, vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com a sua fidelidade!

Capítulo 97
 1 O Senhor reina! Exulte a terra e alegrem-se as regiões costeiras distantes.
 2 Nuvens escuras e espessas o cercam; retidão e justiça são a base do seu trono.
 3 Fogo vai adiante dele e devora os adversários ao redor.
 4 Seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra os vê e estremece.
 5 Os montes se derretem como cera diante do Senhor, diante do Soberano de toda a terra.
 6 Os céus proclamam a sua justiça, e todos os povos contemplam a sua glória.
 7 Ficam decepcionados todos os que adoram imagens e se vangloriam de ídolos. Prostram-se diante dele todos os deuses!
 8 Sião ouve e se alegra, e as cidades[169] de Judá exultam, por causa das tuas sentenças, Senhor. 
[169] Hebraico: filhas.
 9 Pois tu, Senhor, és o Altíssimo sobre toda a terra! És exaltado muito acima de todos os deuses!
 10 Odeiem o mal, vocês que amam o Senhor, pois ele protege a vida dos seus fiéis e os livra das mãos dos ímpios.
 11 A luz nasce[170] sobre o justo e a alegria sobre os retos de coração. 
[170] Conforme a Septuaginta e algumas versões antigas. O Texto Massorético diz A luz é semeada.
 12 Alegrem-se no Senhor, justos, e louvem o seu santo nome.

Capítulo 98
 1 Cantem ao Senhor um novo cântico, pois ele fez coisas maravilhosas; a sua mão direita e o seu braço santo lhe deram a vitória!
 2 O Senhor anunciou a sua vitória e revelou a sua justiça às nações.
 3 Ele se lembrou do seu amor leal e da sua fidelidade para com a casa de Israel; todos os confins da terra viram a vitória do nosso Deus.
 4 Aclamem o Senhor todos os habitantes da terra! Louvem-no com cânticos de alegria e ao som de música!
 5 Ofereçam música ao Senhor com a harpa, com a harpa e ao som de canções,
 6 com cornetas e ao som da trombeta; exultem diante do Senhor, o Rei!
 7 Ressoe o mar e tudo o que nele existe, o mundo e os seus habitantes!
 8 Batam palmas os rios, e juntos cantem de alegria os montes;
 9 cantem diante do Senhor, porque ele vem, vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com retidão.
Capítulo 99 
 1 O Senhor reina! As nações tremem! O seu trono está sobre os querubins! Abala-se a terra!
 2 Grande é o Senhor em Sião; ele é exaltado acima de todas as nações!
 3 Seja louvado o teu grande e temível nome, que é santo.
 4 Rei poderoso, amigo da justiça! [171]Estabeleceste a eqüidade e fizeste em Jacó o que é direito e justo. 
[171] Ou O rei é poderoso e ama a justiça.
 5 Exaltem o Senhor, o nosso Deus, prostrem-se diante do estrado dos seus pés. Ele é santo!
 6 Moisés e Arão estavam entre os seus sacerdotes, Samuel, entre os que invocavam o seu nome; eles clamavam pelo Senhor, e ele lhes respondia.
 7 Falava-lhes da coluna de nuvem, e eles obedeciam aos seus mandamentos e aos decretos que ele lhes dava.
 8 Tu lhes respondeste, Senhor, nosso Deus; para eles, tu eras um Deus perdoador, embora os tenhas castigado por suas rebeliões.
 9 Exaltem o Senhor, o nosso Deus; prostrem-se, voltados para o seu santo monte, porque o Senhor, o nosso Deus, é santo.

Capítulo 100 
 1 Aclamem o Senhor todos os habitantes da terra!
 2 Prestem culto ao Senhor com alegria; entrem na sua presença com cânticos alegres.
 3 Reconheçam que o Senhor é o nosso Deus. Ele nos fez e somos dele[172]: somos o seu povo, e rebanho do seu pastoreio. 
[172] Ou e não nós mesmos
 4 Entrem por suas portas com ações de graças, e em seus átrios, com louvor; dêem-lhe graças e bendigam o seu nome.
 5 Pois o Senhor é bom e o seu amor leal é eterno; a sua fidelidade permanece por todas as gerações.

Capítulo 101 
 1 Cantarei a lealdade e a justiça. A ti, Senhor, cantarei louvores!
 2 Seguirei o caminho da integridade; quando virás ao meu encontro? Em minha casa viverei de coração íntegro.
 3 Repudiarei todo mal. Odeio a conduta dos infiéis; jamais me dominará!
 4 Longe estou dos perversos de coração; não quero envolver-me com o mal.
 5 Farei calar ao que difama o próximo às ocultas. Não vou tolerar o homem de olhos arrogantes e de coração orgulhoso.
 6 Meus olhos aprovam os fiéis da terra, e eles habitarão comigo. Somente quem tem vida íntegra me servirá.
 7 Quem pratica a fraude não habitará no meu santuário; o mentiroso não permanecerá na minha presença.
 8 Cada manhã fiz calar todos os ímpios desta terra; eliminei todos os malfeitores da cidade do Senhor.

Capítulo 102 
 1 Ouve a minha oração, Senhor! Chegue a ti o meu grito de socorro!
 2 Não escondas de mim o teu rosto quando estou atribulado. Inclina para mim os teus ouvidos; quando eu clamar, responde-me depressa!
 3 Esvaem-se os meus dias como fumaça; meus ossos queimam como brasas vivas.
 4 Como a relva ressequida está o meu coração; esqueço até de comer!
 5 De tanto gemer estou reduzido a pele e osso.
 6 Sou como a coruja do deserto[173], como uma coruja entre as ruínas. 
[173] Ou pelicano
 7 Não consigo dormir; pareço um pássaro solitário no telhado.
 8 Os meus inimigos zombam de mimo tempo todo; os que me insultam usam o meu nome para lançar maldições.
 9 Cinzas são a minha comida, e com lágrimas misturo o que bebo,
 10 por causa da tua indignação e da tua ira, pois me rejeitaste e me expulsaste para longe de ti.
 11 Meus dias são como sombras crescentes; sou como a relva que vai murchando.
 12 Tu, porém, Senhor, no trono reinarás para sempre; o teu nome será lembrado de geração em geração.
 13 Tu te levantarás e terás misericórdia de Sião, pois é hora de lhe mostrares compaixão; o tempo certo é chegado.
 14 Pois as suas pedras são amadas pelos teus servos, as suas ruínas os enchem de compaixão.
 15 Então as nações temerão o nome do Senhor, e todos os reis da terra a sua glória.
 16 Porque o Senhor reconstruirá Sião e se manifestará na glória que ele tem.
 17 Responderá à oração dos desamparados; as suas súplicas não desprezará.
 18 Escreva-se isto para as futuras gerações, e um povo que ainda será criado louvará o Senhor, proclamando:
 19 Do seu santuário nas alturas o Senhor olhou; dos céus observou a terra,
 20 para ouvir os gemidos dos prisioneiros e libertar os condenados à morte.
 21 Assim o nome do Senhor será anunciado em Sião e o seu louvor, em Jerusalém,
 22 quando os povos e os reinos se reunirem para adorar o Senhor.
 23 No meio da minha vida ele me abateu com sua força; abreviou os meus dias.
 24 Então pedi: Ó meu Deus, não me leves no meio dos meus dias. Os teus dias duram por todas as gerações!
 25 No princípio firmaste os fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas mãos.
 26 Eles perecerão, mas tu permanecerás; envelhecerão como vestimentas. Como roupas tu os trocará se serão jogados fora.
 27 Mas tu permaneces o mesmo, e os teus dias jamais terão fim.
 28 Os filhos dos teus servos terão uma habitação; os seus descendentes serão estabelecidos na tua presença.

Continue lendo - Salmos 103-150

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