A rosa dos bosques - Francisco Leite de Bittencourt Sampaio

A rosa dos bosques

Andava um caçador, ao sol do meio dia,
Alva corsa á seguir, que rapida fugia
Por entre um matagal;
Ao longe ele avistou vermelha e linda rosa,
Que excedendo a manhã na rubra côr mimosa
Sorria festival.

«Seràs minha!» bradou, e já largando
Arco e flecha no chão,
Vai em busca da flor; — ella corando
Fez-se então mais vermelha,
Como se acaso abelha
O caçador lhe fosse, ou um zangão.

Eis passa-lhe perto
A corça á correr;
E o moço inexperto
Alli no deserto
Deixou de acolher.

Mas voltando atraz agora
Seu arco e flecha apanhou;
Procura a flor que o enamora,
E de longe assim fallou:

«Já que perdi minha corça,
Uma rosa hei de apanhar ;
Levar-te-hei mesmo a força,
Que bem sei me has de picar.»

E para a flor se encaminha,
Correndo alegre e infantil:
«Reza! reza! serás minha!»
Era a rosa India gentil.

Francisco Leite de Bittencourt Sampaio


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Poema ao acaso