A Borboleta
Que no horto alveja,
A borboleta
Mansinha adeja;
Libando os pingos
De orvalho brando,
Que a nuvem loura
Vem salpicando.
Meneia os leques
Por entre as flores,
Que o ar perfumam
Com seus olores.
Mimosos leques
De cores finas,
— Tela formosa
Das mãos divinas,
Ora serena,
Pairando a flux,
Esmaltes mostra
Do brilho à luz.
Ora nas águas
Boiando vai,
Qual folha seca
Que ao vento cai.
Ao vir da aurora
Vai do jasmim
Beijar a cútis
D’alvo cetim.
Ao cravo, à rosa
Afagos presta,
— Que a aragem sopra
E o sol recresta.
Ao pôr da tarde
Pousa em delírio
Nas tenras folhas,
Do roxo lírio.
E o frágil corpo
Em sono brando,
Que embala a brisa,
Que vem soprando,
Alívio encontra
Na solidão
Até que d’alva
Rompa o clarão.
Luís da Gama
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