Cordel de Zé da Luz - A cacimba

A cacimba

Tá vendo aquela cacimba 
lá na bêra do riacho, 
im riba da ribanceira, 
qui fica, assim, pru dibáxo 
de um pé de tamarinêra. 

Pois, um magóte de môça 
quage toda manhanzinha, 
foima, assim, aquela tuia, 
na bêra da cacimbinha 
prá tumar banho de cuia. 

Eu não sei pru quê razão, 
as águas dessa nacente, 
as águas que ali se vê, 
tem um gosto diferente 
das cacimbas de bêbê... 

As águas da cacimbinha 
tem um gôsto mais mió. 
Nem sargada, nem insôça... 
Tem um gostim do suó 
do suvaco déssas môça... 

Quando eu vejo éssa cacimba, 
qui inspio a minha cara 
e a cara torno a inspiá, 
naquelas águas quiláras, 
Pego logo a desejá... 

... Desejo, prá quê negá? 
Desejo ser um caçote, 
cum dois óio dêsse tamanho 
Prá ver aquele magóte 
de môça tumando banho! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poema ao acaso