Laurindo Rabelo - Angústia

Angústia
Quando morta a f'licidade,
A fé expira também!
Saudades de que se nutrem?
Os suspiros, que alvo têm?

Morta a fé, vai-se a esperança;
Como pois, viver pudera
Saudade que não tem crença,
Saudade que desespera?

Onde as graças do passado,
Se altivo gênio sanhudo
O cepticismo nos brada,
Foi mentira, engano tudo?

Em nada creio do mundo:
Ludíbrio da desventura,
A felicidade me acena
Só de um ponto - a sepultura.

Morreram minhas saudades,
E nem suspiros calados
Dentro d'alma pouco a pouco
Vão morrendo sufocados.

Laurindo Rabelo

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Poema ao acaso