Vencedor
Um dia, enfim, na senda em que vais, dura e flórea,
ao termo chegarás da exaustiva escalada,
e, depondo o bastão, a lira, a cruz, ou a espada,
cingirás o laurel da mais alta vitória.
Um bardo, uma ovação, tropéis... Depois, mais nada.
Inda todo a fremir da áspera trajetória,
entrarás bocejando a áurea porta da Glória,
e olharás com surpresa a multidão calada.
Olhá-la-ás com rancor, vendo-a seguir a esmo,
vaga a eternos vaivéns e remoinhos sujeita.
E não terás razão, porque a glória é assim mesmo...
A onda humana avançou, cresceu, ergueu-te, numa
investida triunfal; depois, recuou desfeita...
Como há de a onda parar, para que brilhe a espuma?
Amadeu Amaral
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