A Salvação do Planeta - Murilo Vilela

A SALVAÇÃO DO PLANETA
Murilo Vilela

Meu velho planeta, tão bonito!
Tão cheio de cores,
Tão farto de amores
E tão maltratado.
Meu velho planeta, tão sereno,
Tão frio, tão quente, tão ameno
E tão desgovernado.
Minha terra, planeta feiticeiro
A bailar no espaço do universo,
Pelo qual foi condenado.
Terra minha, planeta tão menino,
Pela tua velhice tão precoce
E pela podridão do teu estado,
Somos nós, os donos da fumaça,
Os semeadores da tua desgraça,
Somos nós os culpados.
Mas antes que acabemos de furar
As barreiras protetoras que te envolvem,
Queremos suplicar o teu perdão
E te dizer que ainda há salvação
Para a tua paz, para o teu bem estar.
É simples e é sábia a solução.
Não precisava haver Ecos fabulosas
Nem promessas tão vis e mentirosas
Que hoje perjuram esses amigos teus.
Eles estão longe do teu Deus
E Ele está contigo desde a criação.
Lembra-te que Ele te fez e foi embora
Pelo espaço infinito e soberano
Onde, por certo, existe o régio trono
Do senhor de todos estes mundos.
Milênios se passaram e Ele voltou,
Para te visitar, como se ainda
Fosses o paraíso que deixara
Com repleta harmonia e perfeição.
Divina decepção!
O paraíso estava poluído
Por feras inimináveis, destruidoras,
Essencialmente poluidoras,
Nas mãos, no coração e no poder da voz.
E perante Ele o pior que havia,
O bicho que mais alto lhe agredia,
Era o homem, éramos nós.
Meu velho planeta, tão bonito,
O que fizeram contigo é molecagem
E não há mais tempo para reciclagem,
Sem ozônio, sem vida, sem futuro.
Porém, como poeta te asseguro
Que ainda está em ti a salvação.
Pede ao dono do mundo esse desfecho:
Que mande colocar graxa em teu eixo
Para que gires um pouco mais depressa
E com o aumento da tua rotação,
Afunilando a calota dos teus pólos,
Tomarás o aspecto de um pião,
Doido a girar, jogando no infinito
Todos “os Buches e todos os Colos”,
E todos nós, sem exceção.
E, se por acaso alguém restar,
Pede que as ogivas nucleares
Que existem aos montes no Primeiro Mundo
Como um perigo nefando e compulsório,
Sejam transformadas em supositórios
Capazes de curar radicalmente
O mal que te fizemos, com sadismo,
Ambição e impunidade.
Erradica, destrói a humanidade
Esta doença que te corroeu
E que chamamos de poluição.
Só assim ficarás puro novamente
A girar tua beleza livremente
No infinito da tua salvação.


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Poema ao acaso