O sofá
Oh! Como é suave os olhos
Sentir de gozo cerrar,
Sobre um sofá reclinado
Lindos sonhos a sonhar,
Sentindo de uns lábios d’anjo
Um medroso murmurar!
Um sofá! Mais belo símbolo
Da preguiça outro não há...
Ai, que belas entrevistas
Não se dão sobre um sofá,
E que de beijos ardentes
Muita boca aí não dá!
Um sofá! Estas violetas
Murchas, secas como estão
Sobre o seu sofá mimoso,
Cheirosas, vivas então,
Achei um dia perdidas,
Perdidas: por que razão!
Talvez ardente entrevista
Toda paixão, toda amor
Fizesse ali esquecê-las...
Quem não sabe? sem vigor
Estas flores só recordam
Um passado encantador!
Um sofá! Ameno sítio
Para colher um troféu,
Para cingir duas frontes
De amor num místico véu,
E entre beijos vaporosos
Da terra fazer um céu!
Um sofá! Mais belo símbolo
Da preguiça outro não há...
Ai, que belas entrevistas
Não se dão sobre um sofá,
E que de beijos ardentes
Muita boca aí não dá!
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