Olegário Mariano - Do sonho e do sofrimento

Do sonho e do sofrimento

Porque ha de o Sonho ser tão breve,
Durar tão pouco, meu amor?
O Sonho tem o ephemero sabôr
Da phrase que se pensa e não se escreve.

Passa, mas deixa como em cofre
Antigo, de metal lavrado,
Um pouco de perfume do Passado
E um resto de infortunio de quem soffre.

Passa, mas sempre fica a flamma
De uma saudade bemfazeja:
Perfume do pescôço que se beija,
Sombra do corpo da mulher que se ama.

Depois, no fundo da alma doída,
É que sentimos para nós crescer
Essa immensa vontade de morrer
E esse indifferentissimo pela Vida...

Olegário Mariano



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Poema ao acaso