A menina e o livro - Literatura de cordel

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Uma história sobre páginas
Letras, palavras e versos
De como a leitura pode
Abrir novos universos
Que muitas vezes estavam
Tão distantes e dispersos

Ela havia ganhado um livro
Era um livro de poesia
Na primeira página um Poema
Que falava de fantasia
De como as letras revelam
O mundo que ela não via

Na segunda página ela
Leu um poema encantador
Dessa vez versando sobre
A mágica viva do amor
Do amor que jamais se rende
Nem mesmo na hora da dor

Na terceira página leu
Um poema de brincadeira
Daqueles de bola, de roda
De corrida na ladeira
Da mais pura diversão
Vivida na infância inteira

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Na quarta página veio
Um poema diferente
Que falava sobre céu
E sobre a lua crescente
Eram versos das alturas
Das coisas que a gente sente

Na quinta página o poema
Tratava sobre saudade
Que quando aparece no peito
Toma conta e nos invade
É como estar faltando
Na gente uma metade

Na sexta página que abriu
A menina se encantou
Leu sobre uma gota d'água
Que outra pessoa derramou
Era água vinda dos olhos
De um poeta que chorou

Na sétima página então
Aconteceu o inesperado
Um poema com seu nome
Muito bonito e rimado
Ver seu nome num poema
Deixou seu dia encantado

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Na oitava página abriu
Em formato de soneto
Um poema assustador
De um esquisito esqueleto
Que morava num castelo
Velho, já muito obsoleto

Na nona página a menina
Na leitura viajou
Pois era sobre Paris
Cidade que visitou
Em seus sonhos de lugares
Dos quais em ir já pensou

Na décima página havia
Versos lindos de amizade
Dizendo que ter amigo
É ter a sinceridade
O apoio e uma mão amiga
A toda hora de verdade

E foi na página onze
Que esse livro ganhou vida
Era como se a menina
Vivesse a palavra lida
Em cada poema novo
Uma alegria vivida

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Na décima segunda página
Um poeminha surgiu
Era sobre um cachorrinho
Que de sua casa fugiu
Mas que foi encontrado
Antes de ir para o canil

Na página treze havia
Um poema sobre azar
Sobre sexta feira treze
E gato preto passar
Bem na frente da gente
Numa noite de luar

Na décima quarta página
Versos sobre educação
Era um poema sobre a escola
Que tinha como missão
Levar o conhecimento
Para todo cidadão

A décima quinta página
Tinha apenas uma linha
Um verso que dizia assim:
"Minha alegria é minha"
A menina ficou pensando
Que segredo ali continha

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A página dezesseis
Sobre o tempo discorria
Dizendo como é rápido
Esse tempo que nos cria
E como ele também é
Um professor que nos guia

Na página dezessete
Um poema desastrado
Sem ter sentido nenhum
Onde um círculo quadrado
Rimava com o infinito
De uma casa sem telhado

Na décima oitava página
A menina completou
O verso que faltava
Sobre a luta que ganhou
A formiga contra o touro
Que bravamente lutou

No poema dezenove
Cada verso repetia
A frase "seja feliz"
Aquilo era a poesia
Mostrando a felicidade
No verso de cada dia

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E na vigésima página
A menina se perdeu
Dentro do próprio poema
Que quarenta vezes leu
De tão lindo que achou
Sobre Andrômeda e Perseu

Na página vinte um
Versos sobre a natureza
Falando de fauna e flora
Com toda sua riqueza
Sua importância pro mundo
Além de toda a beleza

A página vinte e dois
Tratava sobre um lugar
Bem Distante do nosso
Chamado de Shangri-lá
Onde o tempo não passava
Como aqui vemos passar

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Na página vinte e três
Um poema que ensinava
Como o hábito da leitura
Na vida tudo mudava
O poema dizia no fim
Que a leitura transformava

Na página vinte e quatro
O livro chegou ao final
Com um poema dizendo
Que o mundo é um quintal
Onde a simplicidade mora
E ser simples é vital

A menina fechou o livro
Logo depois o abraçou
Do lado do seu peito
Por muito tempo guardou
Um livro de poesia
Que jamais da mente tirou

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A marcante literatura
Que trouxe felicidade
Para aquela menina
De uma pequena cidade
Também lhe trouxe um pouco
De mais profundidade

Esse foi só o começo
De seu amor pela leitura
Esse hábito tão belo
Que acrescenta e traz cultura
Que fortalece o interior
E até mesmo leva a cura

Fica aqui a mensagem
Desse cordel mensageiro
Para ser lido e levado
Para esse mundo inteiro
Como amigo da leitura
E dos livros um parceiro.

Giano Guimarães

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Poema ao acaso