A armadura
A antiga fé, que ao gesto te obrigava
e te animou para a aventura e a guerra:
era do corpo, que tornou à terra?
ou da alma que esse corpo alimentava?
Se era a do corpo, a tua lei — descansa:
deixa minar-te aos poucos a ferrugem,
deixa que as plumas e o metal se sujem
ao pó que no ar do mostruário dança.
Porém se a carne era somente o engaste
dessa vontade que vestiste um dia
com tanto brilho, tanta galhardia,
que esperas ainda para, num violento
gesto, voltar à vida que deixaste?
Já a tua inércia é um acontecimento.
Geir Campos
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