Não é no teu corpo que se imola
para a ceia dos meus sentidos
a vítima núbil, a áurea mola
que cinge o amor recente aos idos.
Mas é também no teu corpo que corre
o sangue que o meu sangue socorre.
Não é no teu corpo que se ergue
a guerra fria dos meus nervos.
nem nasceram tuas transparências
para a cegueira dos meus dedos.
Mas é também no teu corpo insano
que perscruto meu desconforto humano.
Não é no teu corpo, nos teus olhos
de fauno, que colho as minhas ditas,
nem o jasmim de tua boca flore
para a visão que me solicita.
Mas é também no teu corpo único
que o amor à forma do Amor reúno.
Não é no teu corpo que concentro
minha sede (esta sede ferina
que morre de seu farto alimento
e vive de quanto se elimina)
Mas é também teu corpo a medida
destas águas sobre a minha ferida.
Não é no teu corpo, mas é tanto
no teu corpo meu último refúgio,
que amoroso e em pânico me insurjo
contra a fonte que és: júbilo e pranto.
Mas é também no teu corpo o tudo
da solidão em que me aclaro e escudo.
Em teu corpo, canal que brande e acalma
minha alma, este pássaro árduo e mudo
na estranha migração da tua alma.
Walmir Ayala
para a ceia dos meus sentidos
a vítima núbil, a áurea mola
que cinge o amor recente aos idos.
Mas é também no teu corpo que corre
o sangue que o meu sangue socorre.
Não é no teu corpo que se ergue
a guerra fria dos meus nervos.
nem nasceram tuas transparências
para a cegueira dos meus dedos.
Mas é também no teu corpo insano
que perscruto meu desconforto humano.
Não é no teu corpo, nos teus olhos
de fauno, que colho as minhas ditas,
nem o jasmim de tua boca flore
para a visão que me solicita.
Mas é também no teu corpo único
que o amor à forma do Amor reúno.
Não é no teu corpo que concentro
minha sede (esta sede ferina
que morre de seu farto alimento
e vive de quanto se elimina)
Mas é também teu corpo a medida
destas águas sobre a minha ferida.
Não é no teu corpo, mas é tanto
no teu corpo meu último refúgio,
que amoroso e em pânico me insurjo
contra a fonte que és: júbilo e pranto.
Mas é também no teu corpo o tudo
da solidão em que me aclaro e escudo.
Em teu corpo, canal que brande e acalma
minha alma, este pássaro árduo e mudo
na estranha migração da tua alma.
Walmir Ayala
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