Saudade - Bernardo Guimarães

Saudade

Vem, ó saudade, toma-me em teu carro,
Em teu regaço leva-me dormindo,
Entre fagueiros sonhos embalado
Por esse espaço infindo.
Leva-me além daquele erguido monte,
Que lá campeia quase que sumido
Nas brumas do horizonte.

Leva-me além; - oh! muito além ainda;
Do eterno plaino largo campo fende;
E entre escalvadas serranias broncas
O carro teu suspende.
Aí nas abas de sombrio morro
Abate o vôo, e deixa-me nos braços
Daquela por quem morro.

Bernardo Guimarães


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Poema ao acaso