Se invejo as coroas, os cantos perdidos
Dos bardos sentidos, que altivos ouvi,
Bem sabes, donzela, que os loucos desejos,
Que os vagos almejos, são todos por ti.
Bem sabes que, às vezes, teu pé sobre o chão,
No meu coração faz eco, passando;
Que sinto e respiro teu hálito amado;
E, mesmo acordado, só vivo sonhando!
Bem sabes, donzela, na dor ou na calma,
Que é tua a minha alma, que é meu o teu ser,
Que vivo em teus olhos; que sigo teus passos;
Que quero em teus braços viver e morrer.
A luz do teu rosto - meu sol de ventura,
Saudade, amargura, não sei o que mais -
Traduz meu destino, num simples sorriso,
Que é meu paraíso, num gesto de paz.
Se triste desmaias, se a cor te falece,
A mim me parece que foges pro céu,
E eu louco murmuro, nos amplos espaços,
Voando a teus braços: - És minhas!... Sou teu!...
Da tarde no sopro suspira baixinho,
No sopro mansinho suspira... Quem és?
Suspira... Hás de ver-me de fronte abatida,
Sem força, sem vida, curvado a teus pés.
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