Jamais
A Gastão Bousquet
Jamais, jamais encontrarei aquela
que eu procurava pelo mundo outrora,
como quem mira um céu que não se estrela,
um véu de névoa que não se evapora.
Jamais, jamais. E, solitária vela,
vai-se a Esperança, Desalento em fora.
Jamais há de cessar esta procela,
jamais há de raiar aquela aurora.
Há de morrer esta vontade pura
(o coração aniquilado diz-mo)
na intimidade das secretas mágoas.
E este imenso tesouro de ternura
será como um regato num abismo,
rolando oculto as cristalinas águas.
Amadeu Amaral
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