Acrobata da Dôr - Cruz e Sousa

Acrobata da Dôr

Gargalha, ri, n'um riso de tormenta,
Como um palhaço, que desengonçado,
Nervoso, ri, n'um riso absurdo, inflado
De uma ironia e de uma dôr violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos, e convulsionado
Salta, gavrochc, salta clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...

Pédem-te bis e um bis não se despréza!
Vamos! retéza os musculos, retéza
Nessas macabras piruêtas d'aço

E embóra cáias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente
Ri! Coração, tristissimo palhaço


Cruz e Sousa

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Poema ao acaso