Vencedor - Augusto dos Anjos

VENCEDOR 

Toma as espadas rútilas, guerreiro, 
E à rutilância das espadas, toma 
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma 
Meu coração -- estranho carniceiro! 

Não podes?! Chama então presto o primeiro 
E o mais possante gladiador de Roma. 
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma 
Nenhum pôde domar o prisioneiro. 

Meu coração triunfava nas arenas. 
Veio depois um domador de hienas 
E outro mais, e, por fim, veio um atleta, 

Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem... 
E não pôde domá-lo enfim ninguém, 
Que ninguém doma um coração de poeta! 

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Poema ao acaso