Que importa - Florbela Espanca

Que importa?...

Eu era a desdenhosa, a indiferente. 
Nunca sentira em mim o coração 
Bater em violências de paixão, 
Como bate no peito à outra gente. 

Agora, olhas-me tu altivamente, 
Sem sombra de desejo ou de emoção, 
Enquanto as asas louras da ilusão 
Abrem dentro de mim ao sol nascente.

Minh'alma, a pedra, transformou-se em fonte; 
Como nascida em carinhoso monte, 
Toda ela é riso, e é frescura e graça! 

Nela refresca a boca um só instante... 
Que importa?... Se o cansado viandante 
Bebe em todas as fontes... quando passa?...

Florbela Espanca

Mais poemas de florbela Espanca

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poema ao acaso