O Pântano - Augusto dos Anjos

O PÂNTANO 

Podem vê-lo, sem dor, meus semelhantes!... 
Mas, para mim que a Natureza escuto, 
Este pântano é o túmulo absoluto, 
De todas as grandezas começantes! 

Larvas desconhecidas de gigantes 
Sobre o seu leito de peçonha e luto 
Dormem tranqüilamente o sono bruto 
Dos superorganismos ainda infantes! 

Em sua estagnação arde uma raça, 
Tragicamente, à espera de quem passa 
Para abrir-lhe, às escâncaras, a porta... 

E eu sinto a angústia dessa raça ardente 
Condenada a esperar perpetuamente 
No universo esmagado da água morta!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Poema ao acaso